Fui afortunado nas pesquisas efectuadas nos velhos jornais concelhios, no "abandonado" escritório do saudoso Fernando Santos, e nas memórias frescas de vários freamundenses já decanos.
Dediquei-me com paixão ao labor de inventariar, estudar, ler os livros encontrados nas bibliotecas, que estavam à mão de semear e foram uma tentação à qual não consegui resistir. Enfim, "coisas minhas".
Não, não sou verdadeiramente um historiador mas um modesto contador de factos, de histórias. Historiador não me importava de ser.
Tentei, contrariando a costumada desatenção pelo nosso património cultural, sua frouxa defesa e quase nula propaganda, uma pequena amostragem do passado que, espera-se, leve o público presente a valorizar e a aplaudir todos os criadores, antigos e presentes, de "teatro", e a encaminhar e motivar a nossa juventude para a divulgação e participação activa na mais sublime das artes.
É necessário que a "história" não se esgote, continue. Sempre.
Aqui estão, pois, os frutos do meu trabalho.
Como referiu Ivo da Cruz, professor de história do teatro, «certa tendência, escolarmente simplista, encara o teatro português como mera sucessão de valores isolados, à média tranquila de um por século: Gil Vicente no século XVI ( As suas peças ainda hoje podem ser representadas sem a mínima alteração do texto ou das rubricas. Gil Vicente é, portanto, sem favor, um dos maiores génios de que pode orgulhar-se a cultura europeia); D. Francisco de Melo no século XVII; António José da Silva (Nasceu no Rio de Janeiro. Conhecido pela designação popular de "O Judeu", por ser descendente de uma família de cristão novos, foi degolado e depois queimado pela Inquisição) no século XVIII e Almeida Garrett no século XIX.
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Gil Vicente |
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D. Francisco de Melo |
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António José da Silva "O Judeu" |
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Almeida Garrett |
A representação teatral nesta terra, já nem sempre associada à religião ou a fases da actividade social e política não estabilizadas, "modernizadas", portanto, a denominada arte de TALMA (François Joseph - Paris-1763/1826), pois este actor trágico francês, preferido de Napoleão I, preocupou-se com a verdade histórica no traje e nos cenários, tornando também a dicção mais natural, começou, porventura, no último quartel do século XIX, não se sabendo ao certo em que data, num período em que os grupos cénicos iam surgindo em vários pontos do país.
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TALMA |
Há indícios seguros que por volta de 1894, 1895 uma Companhia de Freamunde deu, com êxito, alguns espectáculos. Uma lufada de ar fresco, numa vida social marcada, sobretudo, pelas reuniões dançantes (soirées), promovidas pelas famílias da primeira elite, que se distinguiam pelo brilho feminino e pela presença de distintos fidalgos.
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