SPORT CLUBE DE FREAMUNDE
HISTÓRIAS E LEMBRANÇAS ÚNICAS (4)
COMPLEXO DESPORTIVO:
A CONQUISTA DO FUTURO
O "Carvalhal", fruto dos tempos, estava condenado como espaço para jogos oficiais, dada a sua exiguidade e impossibilidade de alargamento.
Era preciso fazer-se qualquer coisa. Encontrar alguém que se mexesse... E então?
Em finais da década de setenta, "picado" por amigos do "Recreativo" que nele viam a figura ideal para liderar o processo de execução de um novo complexo desportivo, José Maria Gomes Taipa seria eleito, em Assembleia Geral Extraordinária de 26 de Outubro de 1977, para presidir à Comissão de Obras P'ró Estádio, fazendo-se secundar pelos Vice Abílio Carlos Pinto Felgueiras e Adriano Antero Leitão Soares; Tesoureiros Luís Alberto Gomes Teles Menezes e Abílio Fernando Pinto Leal; Secretários Vitorino Ferreira Ribeiro e António Costa Alves; Vogais Agostinho Ferreira Leal, António Luís Leão Costa Torres, Anselmo Ferreira Marques e Domingos Ribeiro Alves.
Um grande empreendimento só o merecia um grande clube, que para ser grande precisava de gente com capacidade, interessada e diligente, de muitos e bons sócios. O futuro não poderia estar hipotecado nas mãos de qualquer um.
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JOSÉ MARIA GOMES TAIPA |
Garantidos os terrenos, logo outorgados, numa zona arborizada, bonita, iniciaram-se os trabalhos de terraplanagem e a implantação dos esgotos. O projecto, da autoria de J. Carlos Loureiro e L. Pádua Ramos, arquitectos com gabinete na Rua da Alegria, cidade do Porto, tinha custado trezentos contos. Ganhava forma o complexo desportivo que, para além de um espaço relvado onde se praticasse o futebol, deveria obedecer a outras infra-estruturas, capazes de rentabilizar o investimento e proporcionar o lazer e confraternização entre os adeptos - piscinas, pavilhão, pista de atletismo, circuito de manutenção, parque infantil, campo para hóquei, basquetebol e andebol de sete, "courts" de ténis, restaurante...
Porém, orçamentos incomportáveis e falta de senso no problemático caso da venda do "Carvalhal", inviabilizaram parte do "sonho", pelo que o projecto, na sua globalidade, não passou do papel.
Para agravar a situação, José Maria Taipa iria ficar sozinho pois, à excepção de Vitorino Ferreira Ribeiro, em quem depositava uma confiança ilimitada, todos os restantes elementos, por razões diversas, se afastaram.
De repente a obra parou. Ou melhor, pouco evoluiu.
As "partes" entraram em conflito, caprichos atrás de caprichos, e seria necessário esperar dez (!) anos para que a expansão do clube fosse caracterizada pelo seu enriquecimento patrimonial com o reinício das obras do seu novo e moderno complexo desportivo, depois de alguma controvérsia e desencanto.
O desejo era antigo, mas a construção sofreu algumas "nuances".
O projecto, de vulto, tinha custos elevados, que iriam ser agravados com a manutenção e limpeza das suas instalações. Os valores apontados eram preocupantes e para cobrir o orçamento foi necessário recorrer à comparticipação governamental, cerca de 60%, à ajuda da Câmara Municipal e ao esforço financeiro dos freamundenses - o comércio e a indústria local, salvo raras e habituais excepções, poderiam e deveriam, face à amplitude do empreendimento, ter correspondido de uma forma mais significativa.
José Maria Taipa, responsável principal, autêntico mentor, impulsionador, executor... (bem aconselhado e ajudado pelo Engenheiro Ulisses Valente, grande freamundense), dum acontecimento que simbolizava uma importante viragem na vida do clube, acompanhou a evolução da obra do primeiro ao último dia, e não escondeu a emoção por sentir que a sua colaboração, astúcia e inteira disponibilidade, ajudaram a erguer um bonito complexo desportivo, espaço com características modelares e funcionais.
Notava-se que o absorvia um sentimento de dever cumprido.
O clube mudava-se de armas e bagagens para os lados da Lama, perto de Pessô.
O clube mudava-se de armas e bagagens para os lados da Lama, perto de Pessô.
A Vila, inteira, agradeceu. Orgulhosos passaram a viver os adeptos "azuis e brancos".
O primeiro jogo oficial no relvado do novo complexo realizou-se no dia 18-02-1990. Frente a frente as equipas do S.C.Freamunde e A.D.Fafe. O resultado final saldou-se num empate a zero bolas, jogo correspondente à 18ª jornada do campeonato nacional da 2ª divisão - zona norte, arbitrado por Jorge Coroado, de Lisboa.
Como nota de curiosidade, as redes foram "furadas" pela primeira vez pelo brasileiro Marcos António, avançado do Freamunde, na vitória (2-1) sobre o Vianense.
As equipas da formação continuaram, por cedência e "amabilidade" do novo e "legítimo" proprietário dos terrenos do velho campo, a utilizar o seu pelado até ao adeus definitivo do "Carvalhal": 23 de Junho de 1996.
No início da época 96/97, os jogos dos "meninos" passaram a desenrolar-se no novo campo de treinos do complexo desportivo, ainda em terra batida, oficialmente inaugurado. Para trás ficava o nostálgico e mítico "Carvalhal".
O pontapé de saída foi dado pelos Infantis, na recepção à congénere de Modelos. Os "capõezinhos" venceram por 4-0 e alinharam assim: Amândio, Luís Carlos, Filipe, Nelson, Ribeiro; Ricardo, Barbosa, Pedro; António, Ângelo e Adérito.
António fica na história como marcador de todos os golos da sua equipa.
Equipa de Infantis do S.C.Freamunde, composta, entre outros, por Barbosa, Ricardo, António, André Leão, Samuel... |
Equipa de Infantis do Modelos, treinada por António, malogrado ex-atleta do Freamunde, campeão distrital júnior na época 89/90. |
Não se ficaram por aqui as melhorias.
Por alturas do 72º Aniversário do S.C.Freamunde (19-3-2005), as infra-estruturas do complexo foram enriquecidas com a inauguração do segundo campo relvado, à altura do valor e da importância do clube, uma das melhores escolas do distrito, com condições suficientes para ajudar à evolução desportiva dos trezentos jovens que diariamente utilizavam as instalações, resultado dum esforço suplementar da Comissão Administrativa do S.C.Freamunde e dum protocolo com a Câmara Municipal, correspondendo a um velho anseio dos responsáveis do departamento de formação.
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Descerramento de placa comemorativa da inauguração pelo Governador Civil do Porto, Dr. Manuel Moreira |
O cenário da inauguração foi bonito, de alegria e de júbilo, de inconfundível amor clubista. A festa correu bem, com brilho e simbolismo.
O evento contou com a presença do Governador Civil do Porto, edilidade local e concelhia, dirigentes, sócios e simpatizantes do clube.
Todos os jovens dos diversos escalões desfilaram na viçosa relva do novo campo.
A promessa de um sintético ficou no ar. Veio mais tarde.
Houve festa em Freamunde no dia 14 de Março de 2009. Antes do jogo de Infantis, Freamunde/Amarante (4-2, com os golos dos "capõezinhos" a serem apontados por Miguel Costa, Jorginho, Tiago Alves e Bruno Silva), procedeu-se à tão ansiada e merecida inauguração do bonito tapete verde.
Ainda no "reinado" de Ernâni Cardoso, integrado nas comemorações do 90º aniversário do clube, o já "destruído" relvado nº2 foi substituído por um novo e moderno tapete sintético, cumprindo-se assim a promessa do executivo pacense, liderado por Humberto Brito. O referido autarca presidiu à cerimónia de inauguração que ocorreu no dia 18 de Março de 2023.
Houve festa em Freamunde no dia 14 de Março de 2009. Antes do jogo de Infantis, Freamunde/Amarante (4-2, com os golos dos "capõezinhos" a serem apontados por Miguel Costa, Jorginho, Tiago Alves e Bruno Silva), procedeu-se à tão ansiada e merecida inauguração do bonito tapete verde.
![]() Equipas Infantis do Freamunde e Amarante |
Ainda no "reinado" de Ernâni Cardoso, integrado nas comemorações do 90º aniversário do clube, o já "destruído" relvado nº2 foi substituído por um novo e moderno tapete sintético, cumprindo-se assim a promessa do executivo pacense, liderado por Humberto Brito. O referido autarca presidiu à cerimónia de inauguração que ocorreu no dia 18 de Março de 2023.
Foram, finalmente, libertadas as amarras que impediam o S.C.Freamunde de olhar o futuro com outra ambição.