SPORT CLUBE DE FREAMUNDE
"HISTÓRIAS E LEMBRANÇAS ÚNICAS" (1)
"A PRIMEIRA EQUIPA "
Querendo premiar os dotes futebolísticos dos jovens que no largo da Feira, rua ou terrenos baldios se entretinham a pontapear a bola trapeira, o carismático Padre Castro, aliciado pela emoção desse jogo e conhecedor que o futebol atraía o operariado e a juventude, toma a seu cargo o plano organizativo para a constituição de um grupo de futebol, pois nas redondezas já havia clubes similares.
Padre Castro, sempre estimulado e auxiliado por bairristas inteiramente disponíveis desta terra, tais como Dr. António Chaves, Armando de Oliveira, Alexandrino Alves da Cruz, Francisco Carneiro, Adolfo Pereira, Américo Ferreira Taipa, José António Chamusca..., referências que se desdobravam no dirigismo do Clube e que faziam de tudo: jogavam se preciso fosse, treinavam, eram roupeiros, massagistas, aguadeiros e mesmo árbitros.
É claro que estes nomes "arrastaram" outros que a justiça obrigaria a incluir mas que, lamentavelmente, terei que omitir face aos poucos livros ou documentos que se salvaram das "andanças" em que as diversas Sedes se envolveram ao longo dos anos.
O Clube seria, pois, forjado nas entranhas da "Fábrica Grande". Uma espécie de "CUF", do Barreiro.
Os jogadores, esses, eram atraídos pela oferta de um posto de trabalho (apresentavam-se às dezenas e dezenas os pretendentes que ambicionavam integrar os quadros da "Albar", num meio exclusivamente rural, pobre) ou escolhidos maioritariamente no seio dos operários que na empresa laboravam.
Estávamos nos primórdios da década de trinta do século passado. Jogava-se em qualquer lado. De tralha aos ombros, botas a tiracolo, gorro ou chapéu na cabeça, fato domingueiro lá iam os atletas, indiferentes aos quilómetros, percorrendo a pé até povoações circunvizinhas (Covas, Lagoas, Sobrosa, Paços...) para defrontarem os adversários em renhidos confrontos.
O Padre Castro não uniu vontades para aquisição da primeira bola, redes para as balizas... Tudo saiu dos "fundos" da "Fábrica Grande".
Nesse tempo os equipamentos - quando existiam - quase não tinham modelo nem cores bem definidas. António "Filipe" , sapateiro de profissão com pequeno aposento na Praça, era um dos principais entusiastas, consertando, de forma gratuita, as botas (?) existentes.
Sem um organismo tipo Associação, os grupos desafiavam-se, jogavam e depois vinha a desforra. Ninguém repudiava sacrifícios, corria-se por gosto.
Não havia lugar para guardarem a roupa, muito menos a existência de água quente para se lavarem, como é lógico. Por isso recorriam aos poços existentes nas imediações dos campos de jogo, de onde alguns assistentes retiravam a água com um balde, despejando-a depois pela cabeça abaixo dos heróicos pontapeadores do couro.
Não fazia diferença o tamanho do espaço ou o comportamento do público. Os jogos não contavam para nenhuma classificação, vivendo-se, por um só dia, as vitórias ou as derrotas. Ganhar era apenas, e só, um prazer de espírito.
Chegado o momento histórico da fundação do Clube - 19 de Março de 1933 -, surgiria então o primeiro "team" oficial do Freamunde Sport Club, baptizado de "Onze Vermelhos".
Qual a razão da escolha de camisola branca com risca horizontal vermelha, calções vermelhos e meias supostamente pretas? Talvez porque o vermelho tinha por fito traduzir alegria e vivacidade nas lutas. Uma combinação que homenageava a cor do proletariado rural.
Mas o "Estado Novo", regime concebido e integralmente desenhado por António de Oliveira Salazar, a viver um período de fulgor, resolveu actuar, mexer, "banindo" pura e simplesmente a palavra vermelho na denominação de várias Agremiações.
Também levámos por tabela, como é bom de perceber. A partir daí só "Freamunde Sport Club" (Em 1945, por determinação superior a Agremiação passou a denominar-se "Sport Clube Freamunde").
Segundo informações recolhidas em alguns "sites", casos idênticos aconteceram. No Clube Desportivo das Aves, por exemplo, corria a época 1931/1932, as equipas de honra e reservas eram denominadas de "Onze Vermelhos das Aves", por analogia com o nome atribuído à Selecção Belga de Futebol, na altura "Onze Diabos Vermelhos".
Tal denominação sofreria alteração para Clube Desportivo das Aves, por «recomendação das autoridades oficiais da época, que alicerçaram a sua "sugestão" por entenderem que a designação inicial tinha "conotações comunistas"».
No Sport Lisboa e Benfica, os atletas passaram a ser designados de encarnados evitando, assim, "confusões" com os soviéticos.
Até o 1º hino, o verdadeiro hino do Benfica, composto por Félix Bermudes em 1929, com música de Alves Coelho (pai), denominado "Avante, Avante p'lo Benfica" foi sendo progressivamente silenciado.
Refrão do hino (interpretado na primeira apresentação pelo Orfeão Sport Lisboa e Benfica):
Avante, avante pelo Benfica
Que numa aura triunfante Glorifica!
E vós, ó rapazes, com fogo sagrado,
Honrai agora os ases
Que nos honraram no passado!
No dia 11 de Abril de 1953, no II Sarau Artístico no Pavilhão dos Desportos (Bodas de Ouro do Clube), com letra de Paulino Gomes Júnior (Dr), director do jornal "O Benfica", o tenor Luís Piçarra deu voz ao hino que ainda perdura, "Ser benfiquista...".
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| Padre Castro |
Padre Castro, sempre estimulado e auxiliado por bairristas inteiramente disponíveis desta terra, tais como Dr. António Chaves, Armando de Oliveira, Alexandrino Alves da Cruz, Francisco Carneiro, Adolfo Pereira, Américo Ferreira Taipa, José António Chamusca..., referências que se desdobravam no dirigismo do Clube e que faziam de tudo: jogavam se preciso fosse, treinavam, eram roupeiros, massagistas, aguadeiros e mesmo árbitros.
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| Armando Oliveira |
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| Américo Taipa |
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| Adolfo Pereira |
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| José António Chamusca |
É claro que estes nomes "arrastaram" outros que a justiça obrigaria a incluir mas que, lamentavelmente, terei que omitir face aos poucos livros ou documentos que se salvaram das "andanças" em que as diversas Sedes se envolveram ao longo dos anos.
O Clube seria, pois, forjado nas entranhas da "Fábrica Grande". Uma espécie de "CUF", do Barreiro.
Os jogadores, esses, eram atraídos pela oferta de um posto de trabalho (apresentavam-se às dezenas e dezenas os pretendentes que ambicionavam integrar os quadros da "Albar", num meio exclusivamente rural, pobre) ou escolhidos maioritariamente no seio dos operários que na empresa laboravam.
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| Operários da "Fábrica Grande" |
Estávamos nos primórdios da década de trinta do século passado. Jogava-se em qualquer lado. De tralha aos ombros, botas a tiracolo, gorro ou chapéu na cabeça, fato domingueiro lá iam os atletas, indiferentes aos quilómetros, percorrendo a pé até povoações circunvizinhas (Covas, Lagoas, Sobrosa, Paços...) para defrontarem os adversários em renhidos confrontos.
O Padre Castro não uniu vontades para aquisição da primeira bola, redes para as balizas... Tudo saiu dos "fundos" da "Fábrica Grande".
Nesse tempo os equipamentos - quando existiam - quase não tinham modelo nem cores bem definidas. António "Filipe" , sapateiro de profissão com pequeno aposento na Praça, era um dos principais entusiastas, consertando, de forma gratuita, as botas (?) existentes.
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| António "Filipe" |
Sem um organismo tipo Associação, os grupos desafiavam-se, jogavam e depois vinha a desforra. Ninguém repudiava sacrifícios, corria-se por gosto.
Não havia lugar para guardarem a roupa, muito menos a existência de água quente para se lavarem, como é lógico. Por isso recorriam aos poços existentes nas imediações dos campos de jogo, de onde alguns assistentes retiravam a água com um balde, despejando-a depois pela cabeça abaixo dos heróicos pontapeadores do couro.
Não fazia diferença o tamanho do espaço ou o comportamento do público. Os jogos não contavam para nenhuma classificação, vivendo-se, por um só dia, as vitórias ou as derrotas. Ganhar era apenas, e só, um prazer de espírito.
Chegado o momento histórico da fundação do Clube - 19 de Março de 1933 -, surgiria então o primeiro "team" oficial do Freamunde Sport Club, baptizado de "Onze Vermelhos".
Qual a razão da escolha de camisola branca com risca horizontal vermelha, calções vermelhos e meias supostamente pretas? Talvez porque o vermelho tinha por fito traduzir alegria e vivacidade nas lutas. Uma combinação que homenageava a cor do proletariado rural.
Mas o "Estado Novo", regime concebido e integralmente desenhado por António de Oliveira Salazar, a viver um período de fulgor, resolveu actuar, mexer, "banindo" pura e simplesmente a palavra vermelho na denominação de várias Agremiações.
Também levámos por tabela, como é bom de perceber. A partir daí só "Freamunde Sport Club" (Em 1945, por determinação superior a Agremiação passou a denominar-se "Sport Clube Freamunde").
Segundo informações recolhidas em alguns "sites", casos idênticos aconteceram. No Clube Desportivo das Aves, por exemplo, corria a época 1931/1932, as equipas de honra e reservas eram denominadas de "Onze Vermelhos das Aves", por analogia com o nome atribuído à Selecção Belga de Futebol, na altura "Onze Diabos Vermelhos".
Tal denominação sofreria alteração para Clube Desportivo das Aves, por «recomendação das autoridades oficiais da época, que alicerçaram a sua "sugestão" por entenderem que a designação inicial tinha "conotações comunistas"».
No Sport Lisboa e Benfica, os atletas passaram a ser designados de encarnados evitando, assim, "confusões" com os soviéticos.
Até o 1º hino, o verdadeiro hino do Benfica, composto por Félix Bermudes em 1929, com música de Alves Coelho (pai), denominado "Avante, Avante p'lo Benfica" foi sendo progressivamente silenciado.
Refrão do hino (interpretado na primeira apresentação pelo Orfeão Sport Lisboa e Benfica):
Avante, avante pelo Benfica
Que numa aura triunfante Glorifica!
E vós, ó rapazes, com fogo sagrado,
Honrai agora os ases
Que nos honraram no passado!
No dia 11 de Abril de 1953, no II Sarau Artístico no Pavilhão dos Desportos (Bodas de Ouro do Clube), com letra de Paulino Gomes Júnior (Dr), director do jornal "O Benfica", o tenor Luís Piçarra deu voz ao hino que ainda perdura, "Ser benfiquista...".









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