terça-feira, 25 de junho de 2019

"VIAGEM PELO TEMPO", por Joaquim Pinto (5)


SPORT CLUBE DE FREAMUNDE
HISTÓRIAS E LEMBRANÇAS ÚNICAS (4)


COMPLEXO DESPORTIVO: 
A CONQUISTA DO FUTURO



COMPLEXO DESPORTIVO DO S.C.FREAMUNDE

O "Carvalhal", fruto dos tempos, estava condenado como espaço para jogos oficiais, dada a sua exiguidade e impossibilidade de alargamento.
Era preciso fazer-se qualquer coisa. Encontrar alguém que se mexesse... E então?
Em finais da década de setenta, "picado" por amigos do "Recreativo" que nele viam a figura ideal para liderar o processo de execução de um novo complexo desportivo, José Maria Gomes Taipa seria eleito, em Assembleia Geral Extraordinária de 26 de Outubro de 1977, para presidir à Comissão de Obras P'ró Estádio, fazendo-se secundar pelos Vice Abílio Carlos Pinto Felgueiras e Adriano Antero Leitão Soares; Tesoureiros Luís Alberto Gomes Teles Menezes e Abílio Fernando Pinto Leal; Secretários Vitorino Ferreira Ribeiro e António Costa Alves; Vogais Agostinho Ferreira Leal, António Luís Leão Costa Torres, Anselmo Ferreira Marques e Domingos Ribeiro Alves.
JOSÉ MARIA GOMES TAIPA
Um grande empreendimento só o merecia um grande clube, que para ser grande precisava de gente com capacidade, interessada e diligente, de muitos e bons sócios. O futuro não poderia estar hipotecado nas mãos de qualquer um.
Garantidos os terrenos, logo outorgados, numa zona arborizada, bonita, iniciaram-se os trabalhos de terraplanagem e a implantação dos esgotos. O projecto, da autoria de J. Carlos Loureiro e L. Pádua Ramos, arquitectos com gabinete na Rua da Alegria, cidade do Porto, tinha custado trezentos contos. Ganhava forma o complexo desportivo que, para além de um espaço relvado onde se praticasse o futebol, deveria obedecer a outras infra-estruturas, capazes de rentabilizar o investimento e proporcionar o lazer e confraternização entre os adeptos - piscinas, pavilhão, pista de atletismo, circuito de manutenção, parque infantil, campo para hóquei, basquetebol e andebol de sete, "courts" de ténis, restaurante...
Porém, orçamentos incomportáveis e falta de senso no problemático caso da venda do "Carvalhal", inviabilizaram parte do "sonho", pelo que o projecto, na sua globalidade, não passou do papel.
Para agravar a situação, José Maria Taipa iria ficar sozinho pois, à excepção de Vitorino Ferreira Ribeiro, em quem depositava uma confiança ilimitada, todos os restantes elementos, por razões diversas, se afastaram.
De repente a obra parou. Ou melhor, pouco evoluiu.
As "partes" entraram em conflito, caprichos atrás de caprichos, e seria necessário esperar dez (!) anos para que a expansão do clube fosse caracterizada pelo seu enriquecimento patrimonial com o reinício das obras do seu novo e moderno complexo desportivo, depois de alguma controvérsia e desencanto.
O desejo era antigo, mas a construção sofreu algumas "nuances".
O projecto, de vulto, tinha custos elevados, que iriam ser agravados com a manutenção e limpeza das suas instalações. Os valores apontados eram preocupantes e para cobrir o orçamento foi necessário recorrer à comparticipação governamental,  cerca de 60%, à ajuda da Câmara Municipal e ao esforço financeiro dos freamundenses - o comércio e a indústria local, salvo raras e habituais excepções, poderiam e deveriam, face à amplitude do empreendimento, ter correspondido de uma forma mais significativa.


Seguiram-se tempos de intenso trabalho: homens e máquinas.






José Maria Taipa, responsável principal, autêntico mentor, impulsionador, executor... (bem aconselhado e ajudado pelo Engenheiro Ulisses Valente, grande freamundense), dum acontecimento que simbolizava uma importante viragem na vida do clube, acompanhou a evolução da obra do primeiro ao último dia, e não escondeu a emoção por sentir que a sua colaboração, astúcia e inteira disponibilidade, ajudaram a erguer um bonito complexo desportivo, espaço com características modelares e funcionais.
Notava-se que o absorvia um sentimento de dever cumprido.
O clube mudava-se de armas e bagagens para os lados da Lama, perto de Pessô.
A Vila, inteira, agradeceu. Orgulhosos passaram a viver os adeptos "azuis e brancos".
O primeiro jogo oficial no relvado do novo complexo realizou-se no dia 18-02-1990. Frente a frente as equipas do S.C.Freamunde e A.D.Fafe. O resultado final saldou-se num empate a zero bolas, jogo correspondente à 18ª jornada do campeonato nacional da 2ª divisão - zona norte, arbitrado por Jorge Coroado, de Lisboa.








Como nota de curiosidade, as redes foram "furadas" pela primeira vez pelo brasileiro Marcos António, avançado do Freamunde, na vitória (2-1) sobre o Vianense.
As equipas da formação continuaram, por cedência e "amabilidade" do novo e "legítimo" proprietário dos terrenos do velho campo, a utilizar o seu pelado até ao adeus definitivo do "Carvalhal": 23 de Junho de 1996.
No início da época 96/97, os jogos dos "meninos" passaram a desenrolar-se no novo campo de treinos do complexo desportivo, ainda em terra batida, oficialmente inaugurado. Para trás ficava o nostálgico e mítico "Carvalhal".
O pontapé de saída foi dado pelos Infantis, na recepção à congénere de Modelos. Os "capõezinhos" venceram por 4-0 e alinharam assim: Amândio, Luís Carlos, Filipe, Nelson, Ribeiro; Ricardo, Barbosa, Pedro; António, Ângelo e Adérito.
António fica na história como marcador de todos os golos da sua equipa.


Equipa de Infantis do S.C.Freamunde, composta, entre outros, por Barbosa, Ricardo, António, André Leão, Samuel...

Equipa de Infantis do Modelos, treinada por António, malogrado ex-atleta do Freamunde, campeão distrital júnior na época 89/90.

Não se ficaram por aqui as melhorias. 
Por alturas do 72º Aniversário do S.C.Freamunde (19-3-2005), as infra-estruturas do complexo foram enriquecidas com a inauguração do segundo campo relvado, à altura do valor e da importância do clube, uma das melhores escolas do distrito, com condições suficientes para ajudar à evolução desportiva dos trezentos jovens que diariamente utilizavam as instalações, resultado dum esforço suplementar da Comissão Administrativa do S.C.Freamunde e dum protocolo com a Câmara Municipal, correspondendo a um velho anseio dos responsáveis do departamento de formação.


Descerramento de placa comemorativa da inauguração pelo Governador Civil do Porto, Dr. Manuel Moreira 

O cenário da inauguração foi bonito, de alegria e de júbilo, de inconfundível amor clubista. A festa correu bem, com brilho e simbolismo.
O evento contou com a presença do Governador Civil do Porto, edilidade local e concelhia, dirigentes, sócios e simpatizantes do clube.
Todos os jovens dos diversos escalões desfilaram na viçosa relva do novo campo.
A promessa de um sintético ficou no ar. Veio mais tarde. 




Houve festa em Freamunde no dia 14 de Março de 2009. Antes do jogo de Infantis, Freamunde/Amarante (4-2, com os golos dos "capõezinhos" a serem apontados por Miguel Costa, Jorginho, Tiago Alves e Bruno Silva), procedeu-se à tão ansiada e merecida inauguração do bonito tapete verde.





Equipas Infantis do Freamunde e Amarante






Ainda no "reinado" de Ernâni Cardoso, integrado nas comemorações do 90º aniversário do clube, o já "destruído" relvado nº2 foi substituído por um novo e moderno tapete sintético, cumprindo-se assim a promessa do executivo pacense, liderado por Humberto Brito. O referido autarca presidiu à cerimónia de inauguração que ocorreu no dia 18 de Março de 2023.




Foram, finalmente, libertadas as amarras que impediam o S.C.Freamunde de olhar o futuro com outra ambição.


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