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Programa publicado no "Jornal de Santo Tyrso" |
29 de Junho
Alvorada - Ao meio dia haverá descargas de 21 morteiros e tocarão os Zés P'reiras, percorrendo os arrabaldes da povoação.
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Zés P'reiras
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15,00 hrs - A Banda de música do sr. Nunes desfilará pelos lugares mais centrais de Freamunde. Depois, num coreto, executará várias peças do seu selecto repertório.
De tarde haverá um bazar de prendas.
30 de Junho
Alvorada - Descargas de 21 morteiros e às 11 horas principiará a missa solene a grande instrumental pela "capella" do sr. Nunes, fazendo parte da orquestra distintos músicos.
Ao Evangelho subirá ao púlpito o eminente orador sagrado reverendo Borges, digníssimo abade d'Attey, fazendo o panegírico de S. Sebastião.
Tarde - Haverá outro sermão pelo distinto orador sagrado, padre Francisco Peixoto, saindo depois uma vistosa e imponente imagem do Senhor dos Milagres, em cumprimento de promessa de um dos festeiros.
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Senhor dos Milagres |
Noite - Haverá iluminação à moda do Minho e fogo de artifício, fabricado por dois hábeis pirotécnicos.
Em coretos apropriados tocarão três Bandas de música: do sr. Nunes, de Freamunde, dos Bombeiros Voluntários de Vizela, sob regência do sr. Mendes, e a distinta Banda dos Conceições (vencedora do certame em Famalicão). É provável que também tocará a do sr. Baptista, de Paços.
A briosa e digna comissão não se poupa a esforços para que seja uma festividade imponente.
ecos (Jornal de Paços de Ferreira) ...
É voz geral que raríssimas vezes neste concelho e circunvizinhos se têm feito festas com tanta imponência como a que vimos referindo.
A armação da Igreja matriz, confiada ao sr. Mendes, de Vizela, era de um efeito magnífico e deslumbrante.
O arco do Cruzeiro, era dum gosto finíssimo e inteiramente novo.
Na missa solene, a "capella" da conceituada Banda do sr. Nunes, de Freamunde, regida por este hábil artista, interpretou de forma deslumbrante um "Tantum Ergo", de Badoni; a Missa de Pinto e uma lindíssima Avé Maria.
Entre os cantores distinguiu-se principalmente o distinto amador, Ferreira Alves, que pela primeira vez se fez ouvir.
Integravam a procissão diversas confrarias, cruzes, 4 andores e muitos anjinhos.
Debaixo do pálio, conduzia o Santo lenho o reverendo cónego Borges, acolitado pelos reverendos Florêncio de Vasconcelos e Augusto Chaves.
Arraial - Vistosa e bem planeada iluminação em arcaria desde a Igreja de S. Francisco ao Alto da Feira, numa recta formando um túnel luminoso.
Iluminadas a capricho e produzindo belos efeitos, a frontaria da Igreja Matriz e as diversas casas particulares, destacando-se as dos senhores Fernando de Sousa Ribeiro e Ilydio Torres.
Muito fogo de ar e preso por dois hábeis pirotécnicos.
Atraíram ainda a atenção uma bem disposta cascata e um bazar. O arraial terminou cerca das 3 horas da madrugada com uma uma peça de fogo preso.
curiosidades
Comissão Executiva - Fernando de Sousa Ribeiro (Juiz), Reverendo Padre Maximino Ferreira Alves, digníssimo abade de Freamunde, Augusto César Lopes Ferreira Velho, José Barbosa de Mello e outros.
A Banda dos Conceições, a pedido do reverendo cónego Borges, executou soberba e magistralmente a peça do último "certamen" realizado em Vila Nova de Famalicão, onde obteve o primeiro prémio.
porquê, nas alvoradas, salvas de 21 tiros?
Há números que, em algumas civilizações, tinham um significado especial. O nº 3 era um deles, significando perfeição, plenitude, pureza, virgindade. Três são as pessoas da Santíssima Trindade; três eram os Reis Magos do Oriente; três são as Virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade; A Ressurreição de Cristo dá-se ao terceiro dia, depois da sua morte, etc...etc...
No campo militar o nº 3 e os seus múltiplos, 6, 9, 12, 15, 18 e 21, também são usados na sua organização e as salvas de tiros correspondem a determinados acontecimentos, sendo a de vinte e um, para comemorar as mais solenes.
tantum ergo
São as palavras iniciais dos dois últimos versos do "Pange Lingua", um hino latino medieval escrito por São Tomás de Aquino. Estes dois últimos versos são cantados durante adorações e bençãos do Santíssimo Sacramento na igreja católica e outras igrejas que adoptam estas práticas. Geralmente é cantado, embora também possa ser solenemente recitado.
"o bombo; o cavaquinho; as mulheres"
Para Camilo Castelo Branco, em Romarias do Minho , o profano veio "estragar", em certa medida, a romaria na sua verdadeira essência.
« As mulheres, vestiam jaqués e saias de chita escorridas nos quadris angulosos. Já não teem as velhas ancas roliças nem as sete saias que lhes boleavam os encontros.
A falta do vinho.
O bombo, que começou a morrer desde que por escarneo o chismaram em Zé P'reira, é já raro ouvir-se nas alvoradas de verão festejando os mordomos da festa, e rolando ao longe os rufos das suas caixas nas quebradas sonorosas dos montes. Isto fazia uma alegria incomparável; chamava os corações que estremeciam alvoraçados, havia muito amor naqueles dias de festa, as moças saltavam dos combros aos caminhos suspensas na roda das saias; os rapazes esperavam-nas zangarriando nos cavaquinhos, e lá iam de rancho, num sarcoteio de nalgas tão inocente como as estátuas nuas, e com mais alguma sensibilidade que ellas, quando as beliscavam nas polpas.
Polpas, inocência, bombo, cavaquinho, tudo passou».