terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

1896 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO V





programa 


28 de Junho
Noite - a principal rua da povoação estará em arcaria toda iluminada a balões venezianos, tendo, tanto no princípio como no fim, dois grandes arcos iluminados a copinhos de barro, tornando-a esplêndida, de encanto raro.


Balões Venezianos



Queimar-se-à muito fogo, do ar e preso, tocando no arraial duas Bandas de música, do sr. Nunes, de Freamunde, e do sr. Baptista, de Paços.

29 de Junho
Manhã - Haverá solenidade religiosa, constando de missa a grande instrumental, sermão, sendo orador o reverendo Francisco Peixoto, de Freamunde, a procissão a qual levará quatro andores e uns vinte anjinhos, alguns bem vestidos.



Padre Francisco Peixoto



Arraial nocturno com muito fogo de ar e preso.
Concerto pelas Bandas noite dentro.


ecos (Jornal de Paços de Ferreira) 
O Padre Francisco Peixoto houve-se na sua oração como costuma: sempre fluente em estilo, sempre redundando a um nível supremo, e profícuo em toda a sua forma.
A Igreja achava-se adornada modernamente, com muitas plantas, flores e lindos cortinados.
Foi uma festividade imponente, que honra os seus promotores.


curiosidades 
O Padre Francisco Peixoto, republicano convicto (coisa rara entre o clero) e que integrou as primeiras comissões concelhias, sabia usar o púlpito para, nos sermões, transmitir o seu raciocínio em linguagem clara.
Citava várias vezes excertos da obra do padre António Vieira, no «Sermão de Santo António aos Peixes: "...Os homens, com suas mãos e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros (...) e os grandes comem os pequenos».

Mas não só em Freamunde se celebrava o Santo Sebastião. «Em 1896 por voto de at petendam pluviam , saíram procissões de penitência em Paços, Carvalhosa, Frazão, Meixomil e Penamaior. Os cortejos destas duas paróquias reuniram-se e seguiram por Sobrão, Cô e Trindade, onde houve sermão. Incorporaram-se mais de três mil pessoas.
A festividade em Modelos (25 de Maio de 1896) foi inteiramente custeada por Manuel José Carneiro Leão, da Casa da Aldeia. Fez-se procissão até Arreigada. No arraial, a Banda dos Cardosos».

Nos "relatos" da festa em Freamunde, uma citação caricata: "A concorrência do povo foi menor do que no ano passado, vendo-se, porém, algumas famílias de S. Pedro da Raimonda e Lousada.

1919 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO XXIX



programa 


13 de Julho
Alvorada -  Ao romper do dia repique de sinos. Salvas de morteiros anunciarão as imponentes festas.

10,00 - Entrada dos Zés P'reiras, acompanhados pelas legiões de adeptos.

Padre Castro



11,00 - Missa solene a grande instrumental pela "capella" do sr. Mendes, com sermão pelo orador sacro, reverendo António Pereira de Castro (Padre Castro), ilustre professor do Internato dos Carvalhos - Porto.

14,00 - Importante bazar.

15,00 - Entrada das Bandas de Freamunde, sob a regência do sr. Mendes, e da Fábrica do Rio Vizela, S. Tomé de Negrelos - Santo Tirso.

16,00 - Imponente procissão, onde se incorporarão 6 lindos andores, 40 anjinhos, lanceiros, guiões, cruzes, pálio, as referidas Bandas, etc.

21,00 - Festival nocturno. Profusa iluminação de balões venezianos, tijelinhas e copinhos.
Queimar-se-á bastante fogo do ar e de artifício por dois hábeis pirotechnicos
Certame pelas duas referidas Bandas até às 3,00 horas da madrugada, terminando a festividade com uma encantadora surpresa.



curiosidades 
No anúncio das Festas, esta referência: «A Freamunde, pois, onde nesse dia os forasteiros encontrarão bons acepipes e deliciosa "pinga"».


 "gripe espanhola"


Grassava a epidemia da denominada "gripe espanhola" que continuava a dizimar pessoas atrás de pessoas. Nem assim as Festas deixaram de ser uma realidade.

1918 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO XXVII



programa 


13 de Julho
Alvorada - Ao romper do dia repicarão os sinos e serão lançadas salvas de morteiros que anunciarão a festividade.

12,00 -  Ao meio dia nova salva de morteiros. Os clássicos Zés P'reiras farão a delícia da pequenada. 

Zés P'reiras



15,00 - Dará entrada a excelente Banda Freamundense, sob a regência do sr. Mendes, que percorrerá as artérias principais da freguesia, ao som de lindas melodias, subindo depois ao coreto para esperado concerto.



14 de Julho
De manhã, como no anterior dia, idênticas manifestações.
11,00 - Missa solene, na Igreja Matriz, a grande instrumental pela "capella" do sr. Mendes, com sermão pelo orador sagrado reverendo abade de São Lourenço das Pias.
13,00 - Entrada da Banda de Lousada, seguindo-se respectivo arraial.
15,00 - Início, na Praça, da quermesse.
16,00 - Imponente procissão, imagem de marca destas festividades.
21,00 - Festival nocturno. Iluminação à veneziana com mais de 1.000 lumes.
Certame até de madrugada pelas duas citadas Bandas e uma outra oferecida pela rapaziada desta localidade.
Será queimado bastante fogo do ar e de artifício.



curiosidades 
A introdução dos gigantones e cabeçudos nas festas e romarias portuguesas, directa e indirectamente, foi feita através da região espanhola da Galiza, com a importação do costume, por um "vianense", em 1893, para a festa d'Agonia, em Viana do Castelo, depois de uma exibição junto ao túmulo de Santiago,  quando se estava a criar o figurino da romaria.
Fonte: Excerto de "tradição que veio para ficar" por Paulo Julião no Diário de Notícias.

Também conhecidos como "gigantes de cortejo", o povo acabaria por importar da cultura galega não só o número em si mas o nome de gigantone. A tradição é, contudo, bem mais antiga, e para Alberto Abreu tem a sua origem nos contos de bons e maus gigantes, inspirados na mitologia germânica, mais tarde popularizados em histórias infantis. 
Aparecendo sempre indissociáveis das figuras gigantes, os cabeçudos representam também uma deformidade, neste caso na cabeça, e são inspirados essencialmente nos gnomos da floresta, "normalmente génios bons". Estas figuras já estão bem enraizadas na cultura popular portuguesa.
A festa não é festa sem a zabumba dos Zés P'reiras e os gigantones, mais conhecidos pela canalha por cabeçudos.
Eles são os responsáveis pelo anunciar das festas ou, melhor, eram pois agora nos últimos anos, têm sido figuras desaparecidas, ficando-se por um grupo de bombos e um ou outro gigante mas longe do preceito doutros tempos.

Gigantones




* Quermesse = Bazar de oferendas
* Lumes ou Lumens = Tijelinhas ou copinhos de barro, revestidas de cera e com pavio, acesas.

Joaquim Mendes Caldas, de Vizela, estreava-se à frente da Banda de Freamunde.

Joaquim
Mendes Caldas


1917 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO XXVI



programa 


8 de Julho
Alvorada - Pela manhã, ao meio dia e à noite, repicarão os sinos e estrondosas salvas de morteiros anunciarão os afamados festejos.
Serão queimadas girândolas de foguetes.

11,00 - Missa solene, na Igreja Matriz, a grande instrumental, com sermão por orador sagrado bastante conceituado. 

Igreja matriz



15,00 - Darão entrada as Bandas do sr. Nunes (Freamunde) e de Lousada, que, depois de percorrerem as ruas principais da povoação, tocarão nos coretos trechos das suas lindas partituras.

16,00 - Majestosa procissão com 6 magníficos e bem enfeitados andores, lanceiros, guiões, anjinhos, Irmandades, cruzes e a fechar as duas referidas Bandas.

21,00 - Festival nocturno com brilhantes iluminações à veneziana e bastante fogo do ar.

As duas Bandas tocarão alternadamente até altas horas da madrugada.


curiosidades 
* Guiões = Estandartes

1895 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO IV





programa 



Programa publicado no "Jornal de Santo Tyrso"



29 de Junho
Alvorada - Ao meio dia haverá descargas de 21 morteiros e tocarão os Zés P'reiras, percorrendo os arrabaldes da povoação.



Zés P'reiras













15,00 hrs - A Banda de música do sr. Nunes desfilará pelos lugares mais centrais de Freamunde. Depois, num coreto, executará várias peças do seu selecto repertório.
De tarde haverá um bazar de prendas.


30 de Junho
Alvorada - Descargas de 21 morteiros e às 11 horas principiará a missa solene a grande instrumental pela "capella" do sr. Nunes, fazendo parte da orquestra distintos músicos.
Ao Evangelho subirá ao púlpito o eminente orador sagrado reverendo Borges, digníssimo abade d'Attey, fazendo o panegírico de S. Sebastião.

Tarde - Haverá outro sermão pelo distinto orador sagrado,  padre Francisco Peixoto, saindo depois uma vistosa e imponente imagem do Senhor dos Milagres, em cumprimento de promessa de um dos festeiros.

Senhor dos Milagres


Noite - Haverá iluminação à moda do Minho e fogo de artifício, fabricado por dois hábeis pirotécnicos.
Em coretos apropriados tocarão três Bandas de música: do sr. Nunes, de Freamunde, dos Bombeiros Voluntários de Vizela, sob regência do sr. Mendes, e a distinta Banda dos Conceições (vencedora do certame em Famalicão).  É provável que também tocará a do sr. Baptista, de Paços.
A briosa e digna comissão não se poupa a esforços para que seja uma festividade imponente.

ecos (Jornal de Paços de Ferreira) ...
É voz geral que raríssimas vezes neste concelho e circunvizinhos se têm feito festas com tanta imponência como a que vimos referindo.
A armação da Igreja matriz, confiada ao sr. Mendes, de Vizela, era de um efeito magnífico e deslumbrante.
O arco do Cruzeiro, era dum gosto finíssimo e inteiramente novo.
Na missa solene, a "capella" da conceituada Banda do sr. Nunes, de Freamunde, regida por este hábil artista, interpretou de forma deslumbrante um "Tantum Ergo", de Badoni; a Missa de Pinto e uma lindíssima Avé Maria.





Entre os cantores distinguiu-se principalmente o distinto amador, Ferreira Alves, que pela primeira vez se fez ouvir.
Integravam a procissão diversas confrarias, cruzes, 4 andores e muitos anjinhos.
Debaixo do pálio, conduzia o Santo lenho o reverendo cónego Borges, acolitado pelos reverendos Florêncio de Vasconcelos e Augusto Chaves.

Arraial - Vistosa e bem planeada iluminação em arcaria desde a Igreja de S. Francisco ao Alto da Feira, numa recta formando um túnel luminoso.
Iluminadas a capricho e produzindo belos efeitos, a frontaria da Igreja Matriz e as diversas casas particulares, destacando-se as dos senhores Fernando de Sousa Ribeiro e Ilydio Torres.
Muito fogo de ar e preso por dois hábeis pirotécnicos.
Atraíram ainda a atenção uma bem disposta cascata e um bazar. O arraial terminou cerca das 3 horas da madrugada com uma uma peça de fogo preso.


curiosidades 
Comissão Executiva -  Fernando de Sousa Ribeiro (Juiz),   Reverendo Padre Maximino Ferreira Alves, digníssimo abade de Freamunde, Augusto César Lopes Ferreira Velho, José Barbosa de Mello e outros.
A Banda dos Conceições, a pedido do reverendo cónego Borges, executou soberba e magistralmente a peça do último "certamen" realizado em Vila Nova de Famalicão, onde obteve o primeiro prémio. 


porquê, nas alvoradas, salvas de 21 tiros? 
Há números que, em algumas civilizações, tinham um significado especial. O nº 3 era um deles, significando perfeição, plenitude, pureza, virgindade. Três são as pessoas da Santíssima Trindade; três eram os Reis Magos do Oriente; três são as Virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade; A Ressurreição de Cristo dá-se ao terceiro dia, depois da sua morte, etc...etc...
No campo militar o nº 3 e os seus múltiplos, 6, 9, 12, 15, 18 e 21, também são usados na sua organização e as salvas de tiros correspondem a determinados acontecimentos, sendo a de vinte e um, para comemorar as mais solenes.

tantum ergo 
São as palavras iniciais dos dois últimos versos do "Pange Lingua", um hino latino medieval escrito por São Tomás de Aquino. Estes dois últimos versos são cantados durante adorações e bençãos do Santíssimo Sacramento na igreja católica e outras igrejas que adoptam estas práticas. Geralmente é cantado, embora também possa ser solenemente recitado.

 "o bombo; o cavaquinho; as mulheres" 
Para Camilo Castelo Branco, em Romarias do Minho , o profano veio "estragar", em certa medida, a romaria na sua verdadeira essência.
« As mulheres, vestiam jaqués e saias de chita escorridas nos quadris angulosos. Já não teem as velhas ancas roliças nem as sete saias que lhes boleavam os encontros.
A falta do vinho.
O bombo, que começou a morrer desde que por escarneo o chismaram em Zé P'reira, é já raro ouvir-se nas alvoradas de verão festejando os mordomos da festa, e rolando ao longe os rufos das suas caixas nas quebradas sonorosas dos montes. Isto fazia uma alegria incomparável; chamava os corações que estremeciam alvoraçados, havia muito amor naqueles dias de festa, as moças saltavam dos combros aos caminhos suspensas na roda das saias; os rapazes esperavam-nas zangarriando nos cavaquinhos, e lá iam de rancho, num sarcoteio de nalgas tão inocente como as estátuas nuas, e com mais alguma sensibilidade que ellas, quando as beliscavam nas polpas.
Polpas, inocência, bombo, cavaquinho, tudo passou».

1902 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO XI



programa 


19 de Julho
Alvorada - Anúncio das festividades com girândola de foguetes.
A Banda do sr. Nunes percorrerá as principais ruas da povoação tocando alguns trechos do seu vasto reportório.

Noite -  Será queimado fogo de ar pelos pirotécnicos José Dias Ribeiro (Sobrão) e Francisco Nunes Ribeiro (Arreigada)

20 de Julho
As festas este ano assumem excepcional luzimento.

11,00 - Missa cantada pela "capella" do sr. Nunes, sermão pelo reverendo abade de Sousela.

16,00 - Luzida procissão com quatro fenomenais andores.
Iluminação profusa e variada.




Três Bandas de música: Do sr. Nunes (Freamunde); do sr. Barbosa (Monte Córdova) e do sr. Constantino Carneiro Pinto (Eiriz).
 A festa terminará com uma brilhante surpresa.

1897 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO VI







programa ...


26 de Junho
12,00 hrs - Principiam os festejos com uma salva de 21 morteiros, percorrendo durante o dia duas Bandas de música, do sr. Nunes, de Freamunde, e do Sr. Baptista, de Paços, as diferentes ruas desta localidade.


Sr. Nunes




27 de Junho
Alvorada - Nova salva de 21 tiros e as Bandas percorrerão igualmente o itinerário da véspera.

11,00 hrs - Principia a festa da Igreja a grande instrumental.

16,00 hrs - Sairá uma luzida procissão, em que tomarão parte as Confrarias do Santíssimo, de Nossa Senhora das Neves, de Santo António e das Almas; grande número de anjinhos, cinco andores, com referência, pelo seu esplendor, para o de S. Sebastião.


Nª.Sª. Neves




Na noite desse dia haverá bonita iluminação em arco, desde o largo de S. Francisco até ao Alto da Feira.
Serão também iluminadas parte das Ruas do Comércio e da Igreja, frente e torre da mesma.
Será queimado muito fogo de ar e preso, tocando as referidas Bandas de música até hora adiantada da madrugada.


curiosidades ... 
Foi nomeada uma comissão para conseguir uma corrida de touros à vara larga depois de recolhida a procissão.
Em Portugal, até ao advento do futebol, o grande "desporto" ao ar livre eram as touradas.

bandas ... 
Sr. Nunes (António Ferreira Nunes) - Freamunde
Sr. Baptista (Vitorino Baptista Ferreira da Costa) - Paços

1921 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO XXXI



programa


Panorâmica com Igreja Matriz ao fundo




09 de Julho
Alvorada - Estrondosa girândola de 100 tiros. Repique de sinos e lançamento de morteiros.

12,00 - Nova girândola.

15,00 - Entrada da Banda Freamundense que executará até à noite escolhidos trechos de música.

Ao anoitecer - Salva de 21 tiros.



10 de Julho
Alvorada - Estrondosa girândola de foguetes. Repique de sinos e lançamento de morteiros.

11,00 - Missa solene a grande instrumental pela "capella" do sr. Mendes, onde será feito o panegírico do Santo por distinto orador sacro.

13,00 - Entrada no arraial, já profusamente engalanado, da afamada e magnífica Banda dos Bombeiros Voluntários do Porto, muito justamente considerada a melhor Banda Marcial do norte do País, a qual será recebida pela Freamundense, subindo ao ar atroadora girândola de foguetes.

15,00 - Começará o importante bazar de inúmeras e valiosas prendas.


As Bandas actuarão alternadamente, fazendo ouvir-se os acordes mais harmoniosos dos seus selectos programas.

17,00 - Sairá vistosa procissão, composta de 7 andores, embelezados pelos conhecidos armadores Joaquim António Ribeiro & Filhos, dezenas de anjinhos ricamente vestidos, arautos, lanceiros, guiões, as referidas Bandas...

Atraente arraial nocturno com iluminação à moda do Minho, composta de milhares de lumes.

Certame pelas duas Bandas até altas horas da madrugada.

Descantes populares.

Descantes populares




Fogo de ar e artifício por 3 afamados pirotécnicos, aeróstatos...

3,00 da madrugada - Corrida de 3 bravíssimas vacas de fogo.



curiosidades 
Arauto - Oficial de cerimónia que, ao serviço do Príncipe ou do Estado, era o responsável pela transmissão das mensagens por estes enviadas.

1920 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO XXX

 


programa 

10 de Julho
Alvorada - Neste dia serão ruidosamente anunciadas as vésperas por estrondosas girândolas de foguetes, repiques de sinos e por um numeroso bando de Zés P'reiras que, precedidos de monstruosos "cabeçudos" e "gigantones", percorrerão as ruas da povoação. À tarde, concerto pela apreciada Banda Freamundense.


11 de Julho
1ª parte - Alvorada com repique de sinos.

11,00 - Missa solene, a grande instrumental, pela "capella" do sr. Mendes, onde será feito o panegírico do Santo pelo distinto orador sacro Rev. Gaspar Roriz, de Guimarães.


Rev. Gaspar Roriz



2ª parte
13,00 - Entrada no arraial da afamada Banda dos Bombeiros Voluntários do Porto, que será recebida pela Freamundense.
Subirá ao ar atroadora girândola de foguetes, marcando aquela Banda a sua entrada com um lindo e entusiástico "passecale".

15,00 - Bazar de prendas, oferecidas por gentis senhoras, raparigas da terra e freguesias circunvizinhas.






 As Bandas actuarão alternadamente, fazendo ouvir-se os acordes mais harmoniosos dos seus selectos programas.

16,00 - Majestosa procissão, com 7 lindos andores, muitos anjinhos, arautos, lanceiros, guiões, as referidas Bandas, etc.


3ª parte
Arraial nocturno com iluminação à moda do Minho, composta de milhares de lumes.
Certame pelas duas Bandas até às 3,00 horas da madrugada.  Descantes populares.
Fogo de ar e de artifício por 3 afamados pirotécnicos, aeróstatos, etc.

24,00 - Extraordinária surpresa chamará a atenção de todos os forasteiros.

3,00 da madrugada - Bravíssima vaca de fogo.



curiosidades 
Panegírico - Que é próprio para louvar. Elogio. Escrito em louvor de alguém ou de alguma coisa. Palavra.

O programa da Banda dos Bombeiros Voluntários do Porto foi o seguinte:
1 - Marcha (Shubert)
2 - Rienzi, Abertura (Vagner)
3 - Sinos de Corneville, Fantasia (Planquet)
4 - Tosca, Fantasia (Puccini)
5 - Aida, Bailado-2º Acto (Verdi)
6 - Paz Armada, Fantasia (Filgueiras)
7 - Reveil du Printemps, Valsa (Scassola)
8 - Rapsódia: Jardim de Passos Manuel em festa (A. Lopes)

1903 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO XII



programa 


27 de Julho
Salva de morteiros à alvorada, ao meio dia e à noite.
Os tradicionais Zés P'reiras anunciarão o primeiro dia das grandes festividades.


Coreto alugado



Tarde - A Banda do sr. Nunes percorrerá os principais lugares, e à noite, num elegante coreto, em frente à Praça do Mercado, executará alguns trechos do seu escolhido repertório.


28 de Julho
Alvorada - Subirão ao ar algumas girândolas de foguetes e a mesma Banda tocará em diversos lugares.
 
11,00 - Missa solene a grande instrumental pela "capella" do mesmo sr. Nunes, S.S, exposto, subindo ao Evangelho, ao púlpito, o muito conhecido e distinto orador sagrado, reverendo Cunha, mui digno abade de Souzela.

16,00 -  Sairá uma vistosa procissão em que se incorporarão, além de diversas Irmandades desta freguesia, grande número de padrões de prata, crescido número de bem vestidos anjinhos, quatro andores, sendo dois de proporções gigantescas, palco, duas bandas de música, a do sr. Nunes (Freamunde) e a dos snrs. Conceições (Negrelos).

Sr. Mendes (Vizela)



Depois de recolhida a procissão, continuará o arraial e à noite haverá uma profusa iluminação à moda do Minho e à crivo, um grande e variado fogo de artifício e do ar, subindo alguns aeróstatos, tocando até à uma ou duas horas da madrugada, e alternadamente, três conceituadas bandas de música: do sr. Nunes (Freamunde); Dos Conceições (Negrelos) e de Vizela, sob direcção do sr. Mendes.
A armação está confiada aos conceituados armadores, snrs Joaquim António Ribeiro & Filhos, e o fogo é fornecido por três pirotécnicos.



curiosidades 
Por motivos inesperados, a Banda de Vizela faltou.

Algumas casas encontravam-se profusamente iluminadas, sobressaindo as de Manoel Alves da Cruz, Ângelo Ferreira Monteiro, Manoel Barros, Valentim Cardoso... Na de Manoel Barros destacava-se uma estrela que produzia um efeito deslumbrante, e no portão do rev. Florêncio de Vasconcelos um primoroso arco.

Tanto a estrela como o arco foram traçados a capricho pelos ilustres snrs Arnaldo Cruz e Padre Florêncio Vasconcelos, que também faziam parte da comissão de festejos.

* Zé P'reira - Tocador de bombo utilizado para anúncio de festas. Figura imortalizada pelo pintor português José Malhôa (Caldas das Raínha-1855/Figueiró dos Vinhos-1933).

* Capella ou Capela - Grupo de cantores e instrumentistas que asseguravam o serviço litúrgico cantado nas igrejas e catedrais.

1898 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO VII






programa 


25 de Junho
Alvorada - A festividade será anunciada por três descargas de 21 morteiros e três girândolas de foguetes.

14,00 - Duas Bandas de música, do sr. Nunes, de Freamunde, e do sr. Baptista, de Paços, percorrerão os principais lugares desta formosa povoação.

26 de Junho
11,30 - Haverá missa solene a grande instrumental pela "capella" do sr. Nunes, exposição do Santíssimo Sacramento, e sermão pelo distinto orador sagrado, reverendo abade de Lustosa, D. António Barbosa Leão.


 D. António Barbosa Leão




16,00 - Sairá uma vistosa procissão, com cinco bem ornamentados andores, sobretudo o do Mártir, pela sua brilhante decoração.

Noite - Haverá um vistoso fogo do ar e d'artifício, a cargo dos pirotécnicos Melro e Maravilhas, iluminação à crivo e à moda do Minho, havendo dois brilhantes arcos, um no Alto da Feira e outro no Largo de S. Francisco.

Honra, pois, aos briosos festeiros que se não poupam a esforços e cuidados para que esta festividade se realize com a máxima decência e esplendor desusado.



curiosidades 

S. Pedro e S. Paulo


No dia 26, foram inauguradas duas formosas imagens dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo, destinadas ao altar do Apóstolo Santo André, padroeiro da Confraria das Almas, da Igreja matriz. 

O "bom" abade de Lustosa, D. António Barbosa Leão, foi mais tarde Bispo do Porto.

Iluminações à crivo e à moda do Minho. Ruas iluminadas com balões e enfeitadas com ramagens.