quinta-feira, 26 de setembro de 2024

"VIAGEM PELO TEMPO", por Joaquim Pinto (17)

 FREAMUNDE/PAÇOS - "DERBYS ETERNOS" (22)


ÉPOCA 90/91






Jorge Regadas, surpreendentemente, quebrou o pacto que possuía com Alfredo Barbosa de Bessa - reconduzido na presidência - e mudou-se, com armas e bagagens, para Vila Real.
Depois de alguma indefinação, foi escolhido para liderar o grupo, vindo do Marialvas, Fernando Festas.
No arranque para a temporada 90/91, o Freamunde "refrescou" a equipa. Da formação, "saltaram" Rui Ribeiro, Carlos, Zé "d'Eiriz", Leonel, Aníbal, Rui Pacheco "48" (todos com idade de junior) e Arnaldo.
A aposta no futuro estava ganha.
De fora, entre as novidades, apresentaram-se Mário Fonseca (g.r. ex-Estoril), Sardinha (g.r. ex-Penafiel), Picão (ex-Ovarense), Norberto (ex-Lusitano Évora), Donizetti e Ramon (ex-S.Recife-Brasil), Celso Maciel (ex-U. Leiria), João Pedro (ex-Trofense) e Tiago (ex-F.C. Porto).
A estreia, e  logo em casa, do Freamunde na neófita "Divisão de Honra" foi infeliz. O Leixões venceu por 2-1, resfriando a euforia dos freamundenses.
A rapaziada não baixou os braços e tentou resgatar os pontos perdidos, na "Mata Real".
A expectativa era a rodos, fazendo atraír bastante gente.

Ficha do jogo:

Paços de Ferreira - 3/Freamunde - 2

Árbitro: Alexandre Morgado (Porto)

Paços de Ferreira: Caldas, Monteiro (Radi), Joca, Sérgio Cruz e Mota; Quim, Nuno e Julian; Carvalho (Manuel Borges), Duca e Moreira.
Treinador: Vitor Oliveira

Freamunde: Mário Fonseca, Batista, Orlando, Milhazes e David; Norberto, Pedro Barbosa e Zé Rodas (João Pedro); Paulo Fernando (Américo), Ramon e Luís Filipe.
Treinador: Fernando Festas

Marcadores: Ramon (10), Paulo Fernando (23), Duca (44), Julian (89) e Sérgio Cruz (93).

Não se cumpriu a tradição. Mas esteve quase. O Freamunde perdeu (3-2) de forma pouco convincente - a expulsão, injusta e caricata, de Pedro Barbosa, quando o Freamunde vencia por 2-0, tirou clarividência e verdade ao jogo.
Muito se falou sobre alguns empecilhos lançados no caminho dos "capões" pelo "poder" de Paços.
A verdade é que aconteceram coisas esquisitas. A arbitragem foi escandalosamente caseira, em tudo, desde o critério disciplinar à avaliação das faltas. O "sistema" continuava viciado - não era intenção de corromper ou de pagar um favor, mas, tão só, de agradecer a "gentileza do trato"- sem lisura e transparência de processos e atitudes. Por Freamunde continuavam acasteladas as suspeitas - lançadas depois aos quatro ventos - de que os pacenses tinham ganho devido à eficácia dos seus "jogos de bastidores". Que se moveram bem nos corredores do poder. Outros diziam que os vizinhos foram mais lestos na abordagem ao homem de preto.
Os dirigentes do Freamunde, revoltados e indignados, espingardaram a torto e a direito, logo prometendo que apresentariam protesto do jogo. Dito e feito. A Federação Portuguesa de Futebol recebeu-o, é verdade, mas... fez  tábua rasa da denúncia e lançou-a ao cesto dos papéis. Coitado de quem é pobre.
Considerando indígna a forma como a direcção do Paços, ou parte dela, se comportou, o executivo dos "azuis", pensando representar os justos sentimentos da sua massa adepta, decidiu-se, por unanimidade, proceder ao imediato corte de relações com o "rival". Coisas que o tempo mais tarde curaria.



O Freamunde continuava a perder e o adeus de Festas ao clube não surpreendeu, recaindo a sucessão no brasileiro, de 43 anos, Adelson Alves Vanderley. Enquanto isso, o grupo andou comandado interinamente por Júlio "Guerra".
Do F.C. Porto, por empréstimo, apresentaram-se os brasileiros José Carlos, defesa central, e Edvaldo, extremo esquerdo.
A malapata continuou e nova mudança no comando técnico aconteceu. 
Jorge Regadas, na nostalgia da glória, regressou. Perdoado? Perdoadíssimo, pelos vistos!...


Jorge Regadas



XXX

Adensavam-se as expectativas para o escaldante Freamunde/Paços de Ferreira.
A rivalidade existente e o facto dos "ilustres" visitantes liderarem a tabela, levou ao complexo desportivo uma imensidão de apaniguados.
Alguma "borrasca" na recepção à comitiva amarelo/verde manchou a tarde desportiva. Resquícios dos incidentes vividos na "Mata Real". Para alguns, as contas estavam quites.
A vitória  "azul e branca" - extremamente importante para os objectivos - era também uma questão de orgulho, de convicção e de imagem. Até de honra.
Não foi possível. A equipa não se encontrou, cometeu demasiados erros e nem o golo de Paulo Fernando, marcado através de uma grande penalidade, espicaçou o grupo para a esperada reviravolta. O Paços acabou por vencer por 2-1.

Ficha do jogo:

Freamunde - 1/Paços de Ferreira - 2

Árbitro: Jorge Coroado (Lisboa)



Em cima: Marcos António, Donizetti, Pedro Barbosa, Domingos Santos, Zé Rodas, Sardinha
Em baixo: Carlos, David, Ramon,Paulo Fernando, Batista. 


Freamunde: Sardinha, Picão, Donizetti, Américo (Zé Rodas) e Domingos Santos; Pedro Barbosa, Celso Maciel e Luís Filipe; Marcos António, Paulo Fernando e Rui Pacheco (Ramon).
Treinador: Jorge Regadas






Paços de Ferreira: Caldas, Monteiro, Sérgio Cruz, Adalberto e Mota; Quim, Nuno e Radi (Moreira); Carvalho, Duca (Kasakov) e Julian.
Treinador: Vitor Oliveira

Marcadores: Monteiro (14'), Duca (56') e Paulo Fernando (72' g.p.).

A partir de então houve o pressentimento que este desaire acabaria por ser fatal para o Freamunde. E foi! A descida foi uma triste realidade. 
No campeonato da polémica - o famigerado "caso Famalicão" originou que o leque de equipas participantes aumentasse de dezoito para vinte -, de três passou para sete o número de grupos a despromover. Uma vergonha! O Freamunde, no final, posicionou-se na 15ª posição, daí... 


 




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