segunda-feira, 30 de setembro de 2024

"VIAGEM PELO TEMPO", por Joaquim Pinto (13)

FREAMUNDE/PAÇOS - "DERBYS ETERNOS" (14)

ÉPOCA 86/87





Armando Teles, o presidente da subida à 2ª Divisão Nacional, numa atitude deveras surpreendente - posicionou-se no último posto do executivo -, passou a "pasta" ao jovem industrial Manuel da Costa Ferreira Dias. O "Manelzinho da Seroa", como carinhosamente era tratado.
Mas... haveria de estoirar como um petardo a notícia que dava conta do afastamento do técnico Abílio Santana, substituído por Joaquim Teixeira, anterior "manager" do Ermesinde.
No campeonato, ao fim de várias jornadas, o Freamunde mantinha-se desastradamente no fundo da tabela. Era preciso evitar o pior, mudar o rumo. Seria na "Mata Real", frente ao Paços?
O estádio encontrava-se pejado de milhares de espectadores. O jogo entre velhos rivais, carentes de uma melhor posição, proporcionou um vencedor natural. O Freamunde afundou-se logo na primeira hora. Os seus jogadores pareciam vergados de cansaço, anestesiados, apáticos.
Louve-se a lição de bairrismo e desportivismo, conhecendo-se a animosidade existente.
Mais do que um "derby", este encontro ficou marcado pela primeira vitória dos pacenses sobre os freamundenses, ao longo de todo o seu historial, em jogos de campeonato. O primeiro "feito" tinha acontecido na época 77/78, mas em jogo de "Taça".

Ficha do encontro:

Paços de Ferreira - 3/Freamunde - 1

Árbitro: Ramiro Santiago (Coimbra)

Paços de Ferreira: José Carlos, Monteiro, Miguel. Bino e Vassalo; Malheiro (Eugénio, 72), Quim e João Mário; Barriga, Patena e Meireles (Silva, 76).
Treinador: Prof. António Bessa

Freamunde: Alberto, Carvalho (Dodat, 80), Américo, José Augusto e Domingos Santos (Toni, 65); Mário, Jorge Regadas e Vilaça; Pirata, Paulo Antunes e Filipe.
Treinador: Joaquim Teixeira

Marcadores: Patena (9), Miguel (39), Paulo Antunes (42) e João Mário (75).




Face aos maus resultados o técnico Joaquim Teixeira rescindiu o seu contrato com o Sport Clube de Freamunde, sendo substituído interinamente pelo seu adjunto Bites e pelo jogador Palheiras. Não dava mesmo para mais. estavam esgotados todos os argumentos. No executivo também houve "cambalhota". Armando Teles, de 14º vogal, passou para a liderança.


XXX


António de Jesus, o "feiticeiro", surgiu como o último recurso para a salvação.
A verdade é que as vitórias, umas atrás das outras, mudaram completamente o panorama.
Em pior situação se encontravam os nossos "amiguinhos" que visitavam o "Carvalhal" na antepenúltima jornada. Se perdessem, desciam.
Duas horas antes do início da peleja já o campo se encontrava repleto, não se descortinando uma nesga de terreno. O ambiente era escaldante. Imensos freamundenses, radicados em vários pontos do país, marcaram presença, contribuindo com o seu apoio. A rádio local "Inovassom", com uma vasta equipa de reportagem, transmitia directa e integralmente as incidências da partida.

Ficha do jogo:

Freamunde - 1/Paços de Ferreira - 0

Árbitro: Francisco Gonçalo (Braga)

Freamunde: Reis, Carvalho, Bráulio, Américo e Domingos Santos; Mário, Jorge Regadas e Serginho; Luís Filipe, Dodat e Pirata (José Augusto).
Treinador: António de Jesus



   Em cima: Domingos Santos, Américo, Bráulio, Pirata, Mário, Reis
    Em baixo: Luís Filipe, Dodat, Jorge Regadas, Carvalho, Serginho


Paços de Ferreira: José Carlos, Afonso, Bino, Miguel e Vassalo (Patena); Quim, Malheiro (Toraca) e joão Mário; Meireles, Barriga e Jorge.
Treinador: Celestino Rocha

Marcador: Serginho (42)





 
Sofria-se a bom sofrer dentro e fora das quatro linhas. A disputa não tinha exuberância. Os lances de perigo eram quase nulos, recolhendo-se a multidão a um comedido silêncio. Os dianteiros da casa não atinavam com a baliza, levando os nervos dos adeptos próximo da ruptura.
De repente, tudo se transformou. Aos quarenta e dois minutos, Serginho acorreu a um pontapé de canto, marcado na direita do ataque por Jorge Regadas, e anichou a bola no fundo da baliza pacense. Enorme explosão de alegria rebentou. Afinaram-se as gargantas e agitaram-se de novo as bandeiras.
A segunda parte nada trouxe de novo. Os pacenses baixaram, nitidamente, os braços. Os minutos, no entanto, demoraram uma eternidade a passar sem o golo da confirmação. Que não surgiu. 1-0 foi o resultado final.



Foi grande a alegria entre os freamundenses que invadiram o velhinho "Carvalhal" - "melhorado" com bancada de estrutura metálica, superior ampliada com alguns degraus e construção de posto médico e gabinete de apoio ao departamento de futebol -, palco de tantas lutas mas com a "morte" anunciada.
Do "outro lado" os semblantes estavam carregados. Vivia-se o espectro da descida. Tudo parecia um autêntico "vale de lágrimas", choros convulsivos pela frustração de um longo trabalho, traído na ponta final. É assim a vida!  











  

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