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Fernando Santos |
"GANDARELA"!
... o autor...
FERNANDO Eduardo de Sousa Delgado da Silva Ribeiro dos SANTOS nasceu num prédio sito na rua de S. João, freguesia de S. Nicolau - Porto, no dia 9 de Dezembro de 1922.
Sob o pseudónimo de "Edurisa Filho" havia de popularizar-se como jornalista, poeta, romancista, instrumentista, concertista, músico..., mas sobretudo como homem de teatro.
Filho de Fernando Eduardo Ribeiro dos Santos "Edurisa", conceituado jornalista e crítico de teatro do "Comércio do Porto, e de de Rosalina de Jesus de Sousa Delgado, uma mulher dedicada às artes, professora de Conservatório, foi baptizado na freguesia do Bonfim, sob a bênção dos padrinhos Alves da Cunha e Berta de Bivar, considerados uns dos maiores expoentes da arte de representar de todos os tempos.
Instrução primária concluída, prosseguiu os estudos no Liceu Alexandre Herculano e, de seguida, no Colégio João de Deus. Mais tarde ingressou no Instituto Industrial do Porto, onde frequentou o curso de Construção Civil e Minas.
Numa das festas académicas de finalistas, alguém da comissão promotora incumbiu-o de preparar algumas récitas e uma revista, "Gatas à Porta".
Estava dado o mote. Era, pois, mais forte o gosto pelo teatro, que o atraía poderosamente, do que pela formatura , que abandonou em Janeiro de 1946, após a morte do pai.
Nada o seduzia, senão a "Arte de Talma". Tornou-se prematuramente cenógrafo, a sério, no Teatro Experimental do Porto (TEP). Algumas das suas primeiras peças ficaram inéditas, e outras se terão perdido, eventualmente.
Porém, porque os ganhos eram uma míngua, conseguiu ocupação numa casa bancária sem, contudo, deixar de fazer aquilo que mais gostava: teatro amador, agora nos "Modestos", actualmente extinto.
Desavenças, levaram-no a afastar-se do Grupo, arrastando consigo todos os outros elementos. Juntos montaram "Os Amadores do Norte Reunidos", companhia de teatro ambulante.
Certo dia, corria o ano de 1949, "alguém" (António Pereira da Costa) bateu-lhe à porta. Vinha de Freamunde na esperança de encontrar um ou outro grupo para representações teatrais nesta Vila.
A outra parte da história já foi devidamente pormenorizada no capítulo anterior.
O dia 20 de Outubro de 2005, ficará assinalado como um dos mais pungentes da vida do GTF. Morrera Fernando Santos. Contava 82 anos de idade.
Freamunde ficou de luto. Cabe-nos continuar a agradecer-lhe. Sempre.
"Freamunde" tem o dever de persistir na evocação da sua memória. A memória de uma das mais notáveis figuras da cultura deste burgo, e uma das que mais decisivamente contribuiu para a criação, prestígio e triunfo de uma mentalidade moderna entre nós.
Freamunde já fez alguma coisa, já lhe prestou a homenagem merecida, a devida justiça, dando a uma rua e ao Auditório da Casa da Cultura o nome do seu insigne e adoptado filho.
... a obra...
Renasce, assim, em Freamunde, a tradição teatral!
Com ela se cria, também, um novo agrupamento cénico o "Grupo Teatral Freamundense", que vem preencher uma lacuna que há muito se fazia sentir!
«"GANDARELA" - Uma opereta, uma peça do Povo e para o Povo: alegre, emotiva, simples, humana!... Uma história de rara oportunidade, que podia ser a história de qualquer um de nós! Um punhado de lindas canções, que vão andar na boca de toda a gente!
A apresentação ocorreu no pequenino palco da Associação de Socorros Mútuos Freamundense, no dia 22 de Dezembro de 1963, local habitual de trabalho e espectáculos com lotação para 234 pessoas.
(Palco: 6X6 mts, com 3 mts de altura, sem teia; 1 camarim sob o palco para mulheres e 1 no sotão para homens. Absoluta carência de espaço de comodidade, tanto para os seus elementos em cena como para o público).
"Gandarela", um original de Edurisa, Filho, pseudónimo literário de Fernando Santos, que é, ao mesmo tempo o autor da música, da qual duas terças partes é original e a restante adaptada com rara felicidade.
Tema popular, como bem popular é o bairro freamundense da Gandarela, a que a obra é dedicada.
Uma história singela mas bem urdida, constantes cenas de uma comicidade irresistível, momentos de elevada poesia, de flagrante humanidade e de forte sentimentalismo. Opereta de costumes populares, reza o programa, ela é, na realidade, uma peça feita para o povo, por alguém que o povo não despreza e demonstra conhecê-lo profundamente.
Gandarela, esse povo que trabalha, sofre, ri, canta e, se se ridiculariza, por vezes, também sabe dar lições de coração e solidariedade como mais ninguém.
"Gandarela", peça confiada ao GTF, Grupo de amadores a despontar, a maioria dos quais pisa um palco pela primeira vez.
Peça cuidadosamente montada, com guarda roupa próprio, e cenários de belo efeito da autoria do cenógrafo portuense Gaspar Leorne. A música, de ritmos fáceis e populares que rapidamente começaram a andar de boca em boca, teve a preciosa supervisão de Jaime Rego e Antonino Nogueira Nunes, o segundo dos quais dirige com segurança a pequenina orquestra composta por António Rego, José Ribeiro Nunes, Alexandrino Leal, José Domingos Rego e José Ribeiro.
Serve de ponto Eduardo António. A encenação é do próprio autor da peça».
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Maria Celeste Pinto (1ª Beata), Zulmira Viana (D. Maria), Maria Beatriz Pedra (3ª Beata) e Maria Cacilda Coelho (2ª Beata) |
Alfredo Rego (Ti' Zé), Mariazinha Correia ("Sora" Ana Vendedeira) e Nelson Lopes (Joaquim Tamanqueiro) |
Maria Manuela Moreira (1ª Vendedeira), Ricardo Manassés (Um Cego), Fernando Jorge (4º Rapaz) e Ema Coelho (2ª Vendedeira) |
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José Domingos Rego (músico), Alexandrino Leal (músico), José Ribeiro Nunes (músico), Fernando Santos (encenador), Antonino Nogueira (regente), António Rego (músico) e José Ribeiro (músico) |
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Júlia Andrade ("Sora" Rita), Alberto Graça (Chico, Cabo d'Ordens) e Alfredo Rego (Ti' Zé) |
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Mariazinha Correia ("Sora" Ana Vendedeira) e Júlia Andrade ("Sora" Rita) |
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Zulmira Viana (D. Maria) e Alberto Matos (Lopes Regedor) |
Maria Cacilda Coelho, Ema Coelho, Maria Manuela Moreira, Beatriz Pedra, Maria Elisa Andrade (Vendedeiras), Ricardo Manassés (Um Cego) e Vitorino Ribeiro (Tino) |
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Nelson Lopes (Joaquim Tamanqueiro), Fernando Correia (Zé Maria), Júlia Andrade ("Sora" Rita), Fernando Ribeiro (3º Rapaz), Zulmira Viana (D. Maria) e António Lopes (Luizinho) |
Homenagem a Leopoldo Pontes Saraiva |