quinta-feira, 18 de junho de 2020

1912 - FESTAS AO MÁRTIR - CAPÍTULO XXI



programa


13 de Julho
Alvorada - Salva de morteiros. Zés P'reiras e Banda do sr. Nunes, percorrendo as ruas da povoação, anunciarão o começo dos festejos.

Noite - Será queimado fogo de ar.


14 de Julho
10,00 - Missa rezada e cantada. Orador sagrado, o reverendo padre Carvalho (Figueiras).

17,00 - Majestosa procissão.

Grande festival nocturno com muito fogo e despique entre as Bandas do sr. Nunes (Freamunde) e sr. Baptista (Paços).
As Festas encerrarão com uma feroz vaca de fogo.



curiosidades


Dr. Alberto Cruz

 

Comissão Executiva - Dr. Alberto Cruz (Juiz),  Adolfo Leão, Alfredo Silva, António Martins Pacheco, António Morais, Américo Pereira Gomes, António Rego, António Taipa, Padre Florêncio Vasconcelos, José Alves D'Assis Carneiro, José Rego e Manoel Barros.

O custo total das Festas importou em 316$33. O peditório rendeu 73$00. 
A cobrança a cada festeiro rondou entre os 25$00 e 17$50.

Por iniciativa do Dr. Alberto Cruz estava a construir-se um bonito jardim.

Barrete frígio



Os proprietários caiaram casas e muros.
No jardim da Praça encontrava-se colocado um arco com as cores nacionais, encimado por barrete frígio e esfera armilar.
O arco foi desenhado pelo mui digno oficial do posto de Registo Civil, ilustre vogal da comissão paroquial, Arnaldo Cruz.

Esfera armilar



Foi construída por Adolfo Leão, António Torres, António Vasconcelos e Raul Vilhena, uma cascata junto à casa de Assis Carneiro.
Estava lindamente iluminada a casa de Manoel Barros (vogal da vereação municipal), em cujas venezianas se lia a patriótica e simples frase "Viva a República". 
(Manoel Augusto Pinto de Barros, casado com a professora D. Mercedes Barros, deve ter sorvido desde o berço o oxigénio da República. Ou da Maçonaria?
Morando a família na Rua do Comércio, do lado oposto à Capela de Stº António, onde possuía a Farmácia, punha os filhos, os amigos à varanda admirando e aplaudindo os desfiles republicanos. Pessoa de carácter ímpar, um raro exemplo de cidadania, estava no auge do seu prestígio público, sendo apontado como um exemplo de coerência e integridade).

Manuel A. Pinto Barros



Eram festas, também, de regozijo e de exaltação pela República para contagiar o povo. Propaganda liberal não faltava, com iluminação por tudo quanto era sítio e música, muita música , sobretudo marchas, pelas ruas. Mas... seria tanto assim? E os "outros"? É que à "frente" da comissão anterior, estivera o "Juiz" António José de Brito, considerado "retintamente reaccionário" pelos republicanos e que, juntamente com o que restava do clero, contrapôs com a difusão de enorme e majestosa procissão. Era preciso causar "impressão". O número alto das festividades era sempre a procissão.
Enfim, os políticos, pelos vistos, sempre se "serviram" das Festas. A "moda" acabou por pegar.
A ordem pública, essa, não foi alterada. Coisa rara, pois estas ocasiões propiciavam certos ajustes.

* Esfera Armilar - Conjunto de círculos que representam os movimentos aparentes dos astros, tendo no centro um globo figurativo da terra.
* Veneziana - Janela formada por fasquias de madeira ou outro material que, fechada, deixa passar alguma luz criando apenas uma semiobscuridade; persiana.
* Barrete frígio - Cobertura da cabeça, semelhante ao barrete de liberto da Roma antiga e que, durante a Revolução Francesa, se tornou o símbolo da Liberdade e da República, sob o nome de "barrete vermelho".
Aliás, muitas procissões revestiam-se das principais características dos cortejos dos "triunfos romanos".

Nenhum comentário:

Postar um comentário