domingo, 31 de agosto de 2025

SEBASTIANAS - 1960 - CAPÍTULO LXV




Festas Sebastianas

 

       O povo é de seu natural folgazão. Talvez que a dura vida o faça assim e que ele espreita, ávido, a mais... pequena trégua da luta em que anda empenhado com a Vida para uma desforra de tanto preocupar. É um talvez quase certo, quase sem dúvida... Mas não é só essa a suprema razão das «Festas Sebastianas» a que vais assistir, amigo leitor: há outra  e essa mais forte, obrigatória, a que não há fugir-lhe... Recuemos no tempo. Quanto? Sabe-se lá: cem, duzentos, trezentos anos? Talvez mais... Freamunde sofria... Terrível cataclismo a assolava e martirizava seus filhos, pequenos seres impotentes perante a fatalidade: Peste? Guerra? Fome? Não esta, nunca foi determinado. Algo era de indizivelmente atroz... Dizem que a fé é que nos salva e Ela, uma vez mais salvou Freamunde. Só S. Sebastião, o sagrado Mártir Romano, tinha poderes contra aqueles males, assim pensaram... E assim lhe prometeram grande festa de louvor lhe fazerem todos os segundos domingos dos meses de Julho se o Santo se dignasse volver os seus martirizados olhos para esta minúscula urbe do plaino de Ferreira e afastasse a calamidade. Assim aconteceu e a Fé mais Fé  se fez e mais encheu a boa alma das gentes de então, que daí para cá não deixou mais de cumprir o prometido e o legaram de herança aos vindouros. Esta a razão da festa nesta altura do ano, tão afastada do dia da consagração do Santo. Talvez poucos o saibam, talvez nem interessasse sabê-lo: é uma tradição, dizia-se, e a Tradição é mais do que bastante para abafar os porquês... Eis, pois, a verdadeira, a suprema, a enorme razão! O resto, sim: o resto deve ser a tal «aberta» que o povo espera para a desforra da Vida... Aproveita-a tu também, bom leitor, e vem folgar connosco, vem rir e cantar com este Povo, que transforma a Dor em Riso, o Choro em cantigas, a preocupação em «boa-vai-ela»... Vem ver como do Nada se faz Muito e como Freamunde, desamparada e só, ainda consegue gritar: ESTOU VIVA!...



Cartaz de 1960


programa


09 de Julho
Alvorada ruidosa com foguetes e morteiros. Anunciação das «Festas» por numeroso grupo de Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos.


Gigantones



10 de Julho
07,00 - Alvorada com estrondoso fogo.
08,00 - Entrada da Banda Marcial de Freamunde.
11,00 - Missa Solene e Festiva subindo ao púlpito um distinto orador sagrado. Esta Santa Missa, que será a grande instrumental, terá a colaboração da Banda Marcial de Freamunde.
15,00 - Entrada da consagrada Banda de Música de Revelhe (Fafe) seguindo-se a subida aos respectivos coretos destes dois anunciados conjuntos musicais que iniciarão os esperados concertos.




19,00 - Saída da respeitável, majestosa e tradicional Procissão de S. Sebastião na qual se incorporarão numerosas Confrarias, Irmandades, Pias Uniões, Associações religiosas, encantadores grupos de anjos e querubins e deslumbrantes andores, precedida por um garboso grupo de Centuriões Romanos.   

Procissão


      
22,00 - Início do surpreendente Arraial nocturno, com feéricas iluminações.
22,30 - Novos concertos musicais pelas Bandas de Freamunde e Revelhe (Fafe).         
24,00 - Sensacional certame de Fogo de Artifício pelos conhecidos pirotécnicos Pontes & Filho, Raimonda, e viúva de António Teles, de Paços de Ferreira.
02,00 - Enceramento deste festivo dia, com a tradicional e pitoresca corrida de uma bravíssima Vaca de Fogo.    

                                  

11 de Julho
15,00 - Diversos divertimentos e números desportivos a anunciar brevemente.               
16,00 - Concerto pela Banda Marcial de Freamunde.

Banda de Freamunde



18,00 - Entrada dos numerosos Ranchos Folclóricos das freguesias circunvizinhas e concelhos limítrofes.  
 21,00 - Início do grandioso Festival Regional que terá lugar em recinto fechado. 
 23,00 - desfile do grandioso e já afamado Cortejo Luminoso e Alegórico no qual se incorporarão todos s agrupamentos citados e um numeroso grupo de Gigantones e Cabeçudos, Banda Marcial de Freamunde, atroador grupo de Zés P'reiras, conjuntos infantis de diversos significados e maravilhosos carros alegóricos. 
24,00 - Grandiosa sessão de Fogo de Artifício pelos mesmos pirotécnicos. 
As festas encerrarão com uma nova corrida de uma furiosa Vaca de Fogo.     

---

Durante os dias das Festas funcionarão: Uma riquíssima Quermesse, com valiosas prendas. - A cantina das Escolas, com serviço de bar e restaurante. - O Bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde. - Inúmeras diversões tais como: automóveis eléctricos, carrocéis, etc.



curiosidades

Comissão de Honra - Dr. António Chaves (P), Abílio Pacheco de Barros, António Pereira da Costa, Dr. Amâncio Leão e Padre Ângelo Ferreira Pacheco.

Comissão Executiva - Alfredo Ferreira Rego (P), António Costa Alves, Domingos Ribeiro Taipa e José Pinto Rego.


 


Alfredo Rego


Custo global das Festas - 52 contos, aproximadamente.

Iluminador, Decorador e Ornamentador - António Ribeiro Pontes, da Póvoa do Varzim.

Factos relevantes
Carros alegóricos - Alguns alusivos ao centenário da morte do Infante D. Henrique.

No Festival Folclórico estreou-se o agrupamento local "Rancho da Boavista", fundado por José Silva Malheiro, Juventino Alves e Manuel Ferreira Moreira.

Rancho da Boavista




Integrado no programa das festas disputou-se, no campo do Carvalhal, um encontro de futebol entre o Sport Clube de Freamunde, reforçado por Perdigão, jogador do F.C.Porto, e uma selecção de jogadores brasileiros assim constituída: Silva, Caiçara, Humaitá, Elso, Osvaldo Silva, Carlos Alberto, Manuelzinho,  Edmur, Jaburú, Ceninho e Celú. Actuaram ainda Pedro e Ernesto.
O grupo da casa, ante a indiscutível valia do opositor, conseguiu um importante empate a 4 bolas.













sábado, 30 de agosto de 2025

SEBASTIANAS - 1959 - CAPÍTULO LXIV

 




Festas Sebastianas


       Do amalgamar constante do seu querer, mais umas Festas sairão a enobrecer o bairrismo, a chama viva que emblema o peito de todos os freamundenses.
       Somos todos, todos a desejar que elas tragam o luzimento que se identifica à chama rubra da nossa Alma, ardendo em fé no progresso e no misticismo que em si a anima. Dar-lhes continuidade, em tão subido apreço, seria tarefa de honrar, mas... sentimos que com mais sacrifícios iremos fazer melhor. Nada impedirá que as nossas Festas sejam o que a nossa massa unida pretende, para assim nos julgar-mos dignos da honra da visita de quem connosco vive a transcendência do entusiasmo dos momentos de alegre exaltação.
       Empenhados no melhor cumprimento do nosso dever, integrados da missão que nos cabe, senhores dos moldes da cortesia para com os forasteiros - desde o mais humilde ao mais elevado - cientes da realidade matemática da rara nota por Elas alcançada, vivendo a euforia do prazer espiritual que ofertamos, imolando no Altar da modéstia todas as nossas forças para que os visitantes, sem intransigente excepção, se sintam «Em sua casa» maior orgulho e responsabilidade nos não cabe.
       Na garrida e típica Freamunde, onde vive o heróico esforço dos seus filhos, onde vive em febril tumultuar a tradição, em letra morta no que ela tem de pernicioso, três dias - os das suas Festas - materializarão a irrequietude dum povo que, acima de tudo, sabe o que quer.
       Que no íntimo de qualquer particularidade das manifestações do seu completo programa, tragam a felicidade dumas horas bem passadas, desejo nosso sempre fora. 


Cartaz de 1959






programa 


11 de Julho
Alvorada ruidosa com foguetes e morteiros. Anunciação das «Festas» por numeroso grupo de Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos.

12 de Julho
07,00  - Alvorada com estrondoso fogo
08,00  - Entrada da Banda Marcial de Freamunde.
11,00  - Missa Solene e Festiva subindo ao púlpito o distinto orador sagrado Padre Alberto da Rocha Martins, de Barcelos. Esta Santa Missa, que será a grande instrumental, terá a colaboração da Banda Marcial de Freamunde.
14,00 - Entrada da consagrada Banda de Música de Vila Verde, seguindo-se a subida aos respectivos coretos destes dois anunciados conjuntos musicais que iniciarão os esperados concertos.
19,00 - Respeitável, majestosa e tradicional Procissão de S. Sebastião na qual se incorporarão numerosas Confrarias, Irmandades, Pias Uniões, Associações religiosas, encantadores grupos de anjos e querubins e deslumbrantes andores, precedida por um garboso grupo de Centuriões Romanos.

Procissão



22,00 - Início do surpreendente Arraial nocturno, com feéricas iluminações do reputado decorador e ornamentador António Ribeiro Pontes, da Póvoa do Varzim. 
22,30 - Novos concertos musicais pelas Bandas Marcial de Freamunde e de Vila Verde.
24,00 - Sensacional certame de Fogo de artifício, pelo conhecido pirotécnico Pontes & Filho, de Raimonda.
02,00 - Encerramento deste festivo dia, com a tradicional e pitoresca corrida de uma bravíssima Vaca de Fogo. 
               

Dia 13 de Julho
Durante o dia funcionará a habitual «Feira dos 13» que se prevê de grande concorrência, dada a excepcional circunstância de ser enquadrada nas «Festas Sebastianas».
15,00 - Diversos divertimentos e números desportivos a anunciar brevemente. 
16,00 - Concerto pela Banda Marcial de Freamunde.. 
18,00 - Entrada dos Ranchos Folclóricos das freguesias circunvizinhas.
21,00 - Início do grandioso Festival Regional, que terá lugar em recinto fechado e no qual colaboram muitos agrupamentos regionais. 
23,00 - Desfile do grandioso e já afamado Cortejo Luminoso e Alegórico no qual se incorporarão todos os agrupamentos citados, e um numeroso grupo de Gigantones e Cabeçudos, Banda Marcial de Freamunde, atroador grupo de Zés P'reiras, conjuntos infantis de diversos significados e maravilhosos carros alegóricos.
24,00 - Grandiosa sessão de Fogo de artifício pelos mesmos pirotécnicos.
As festas encerrarão com uma nova corrida de uma furiosa Vaca de Fogo.      

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Durante os dias das Festas funcionarão: Uma riquíssima quermesse, com valiosas prendas. - A Cantina das Escolas, com serviço de bar e restaurante. - O bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde. - Inúmeras diversões tais como, automóveis eléctricos, carrocéis, etc.




curiosidades 

Comissão de Honra - Dr. António Chaves (P), Abílio Pacheco de Barros, António Pereira da Costa, Dr. Amâncio Leão e Francisco Torres Carneiro.

Comissão Executiva - Anselmo Ferreira Marques (P), Abílio Carlos Pinto Felgueiras, António Carneiro, Armando Aníbal Torres de Lima, César de Vilhena Ribeiro, Maximino Ferreira Rego, Miguel Ferreira da Costa e Vitorino Ferreira Ribeiro.

Anselmo Marques




Custo Global das Festas - 50 contos, aproximadamente.

"Ecos" (Gazeta)
«As Festas ao glorioso Mártir S. Sebastião estiveram um tanto ao quanto frouxas.  A tardia constituição da comissão (apenas em Março) foi um dos principais factores. Muita gente mas pouca animação. Sentia-se a falta de qualquer coisa..., talvez dos carrocéis e de outros divertimentos, que dessem ao arraial a alegria irrequieta da juventude. Tudo se limitou ao concerto das Bandas de Música ou ao deambular sensaborão de namorados sobre o macadame duro da estrada principal. Salvou-se a magnificência da procissão e o fogo de artifício. A marcha  luminosa, chamariz para a última noitada, não teve a pompa dos anos anteriores, mas foi grande na simplicidade dos seus carros. Realce, com todo o prazer, para o carro de propaganda da Fábrica de Rebordosa que abria o cortejo. Sirva ela de exemplo, ao menos, para quebrar a apatia do Comércio e Indústria local, que muito poderiam contribuir para o esplendor desta noite. Pena foi que a marcha saísse de madrugada, pois muitos dos forasteiros já tinham abandonado o arraial. A fechar foi corrida a célebre «vaca de fogo» de tradições arreigadas nas nossas festas». 





sexta-feira, 29 de agosto de 2025

SEBASTIANAS - 1958 - CAPÍTULO LXIII







 Festas Sebastianas


       Mais um ano escrevemos no programa de 1957; mais um ano escrevemos agora no de 1958, e se irá escrevendo sucessivamente, ano após ano, nos programas das FESTAS SEBASTIANAS da vila de Freamunde. Resultando dum voto que o povo da nossa linda e laboriosa vila fez há não se sabe quantos séculos, mas em data que certamente remonta ao de seiscentos, ao milagroso mártir S. Sebastião em dias de flagelo devastador, nunca os freamundenses, constantes na sua fé religiosa, como em manterem suas tradições, deixaram de render ao mártir glorioso seu preito de gratidão, acabando por fazer das FESTAS SEBASTIANAS as FESTAS DA VILA.
       Nestes dias de júbilo, toda a vila se apresenta ao visitante vistosamente ornamentada, garrida, numa alegria estuante e comunicativa, verdadeira e portuguêsmente em festa, brilhantemente adornada sem enfatuamentos, que seus atavios os veste para fidalgamente acolher os forasteiros que a honram, e proporcionar-lhes pitoresco arraial, vistosa e característica procissão, despiques das melhores bandas de música, surpreendente certame de fogos de artifício aos quais não faltam as típicas vacas de fogo, concursos de ranchos folclóricos e o surpreendente cortejo luminoso, único que em toda a região se leva a efeito.
       Em cada ano que passa, o forasteiro volta a Freamunde, para assistir às FESTAS SEBASTIANAS, atraído tanto pela fama delas, quanto pela galhardia com que o povo desta terra, que só deve a si próprio o grau de progresso que atingiu, o acolhe e lhe proporciona inesquecíveis horas de bem estar, de alegria sã, de vibração e entusiasmo, dessa alegria que aqui se vive e que só podem comunicar os povos que labutam honradamente pelo pão de cada dia, como Freamunde, cujo povo sabe o que quer e o que vale, desdobrando-se generosa e hospitaleiramente para dar ao visitante o melhor do seu carácter colectivo - paz, felicidade e alegria.
       Forasteiro amigo, não te esqueças: volta a Freamunde. E, se ainda cá não vieste, não hesites - vem às FESTAS SEBASTIANAS, que não te arrependerás.



Cartaz de 1958



programa  


12 de Julho
Alvorada ruidosa com foguetes e morteiros. Anunciação das «Festas» por numeroso grupo de Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos.

Zés P'reiras



Dia 13 de Julho
07,00 - Alvorada com estrondoso fogo.
08,00 - Entrada da Banda Marcial de Freamunde.
11,00 - Missa Solene e Festiva subindo ao púlpito o distinto orador sagrado Padre Marcelino da Conceição. Esta Santa Missa, que será a grande instrumental, terá a colaboração da Banda Marcial de Freamunde.

Padre Marcelino da Conceição



14,00 - Entrada da consagrada Banda de Música da Vista Alegre, seguindo-se a subida aos respectivos coretos destes dois anunciados conjuntos musicais que iniciarão os esperados concertos. 
19,00 - Saída da respeitável, majestosa e tradicional  Procissão de S. Sebastião na qual se incorporarão numerosas confrarias, Irmandades, Pias Uniões, Associações religiosas, encantadores grupos de anjos e querubins e deslumbrantes andores, precedida por um garboso grupo de Centuriões Romanos.



Procissão




Procissão




22,00 - Início do surpreendente arraial nocturno, com feéricas iluminações do reputado decorador e ornamentador Manuel Silva, de Lamego.   
22,30 - Novos concertos musicais pelas Bandas Marcial de Freamunde e da Vista Alegre. 


Banda da Vista Alegre


 
24,00 - Sensacional certame de Fogo de Artifício, pelo conhecido pirotécnico Pontes & Filho, de Raimonda.              
02,00 - Encerramento deste festivo dia, com a tradicional e pitoresca corrida de uma bravíssima Vaca de Fogo.                                  


14 de Julho
Durante o dia funcionará a habitual «Feira dos 13» que se prevê de grande concorrência, dada a excepcional circunstância de ser enquadrada nas «Festas Sebastianas».
15,00 - Diversos divertimentos e números desportivos a anunciar brevemente.   
16,00 - Concerto pela Banda Marcial de Freamunde.
21,00 - Entrada dos Ranchos Folclóricos das Freguesias circunvizinhas.                   
21,30  - Início do grandioso Festival Regional, que terá lugar em recinto fechado e no qual colaboram os seguintes agrupamentos regionais: 
Grupo Musical de Abrute, da firma B. Pinto de Moura (Freamunde) - Rancho Folclórico de Arreigada - Grupo Típico de Figueiró - Rancho Folclórico de Frazão - Grupo Regional da Gandarela (Freamunde) - Grupo Musical de Leigal da firma L. Menezes (Freamunde) - Rancho Folclórico da Raimonda - Rancho Folclórico de Sanfins e o nóvel agrupamento artístico Grupo Folclórico «Mocidade de Paços de Ferreira».
23,00 - Desfile do grandioso e já afamado Cortejo Luminoso e Alegórico no qual se incorporarão todos os agrupamentos citados, e um numeroso grupo de Gigantones e Cabeçudos, Banda Marcial de Freamunde, atroador grupo de Zés P'reiras, conjuntos infantis de diversos significados e maravilhosos carros ornamentados dos quais se pode já anunciar os seguintes, entre outros:
   «FANTASIA» - Um mimoso carro carregado de lindas crianças é tirado por um enorme caracol dourado, rumo ao Reino da Ilusão!

   «FESTAS SEBASTIANAS» - Deslumbrante alegoria às Festas Sebastianas plena de Luz, Cor e de Alegria!

   «O MILAGRE DE SANTO ANTÓNIO» - A tradicional fonte, as bilhas quebradas e o prodigioso milagre do Santo Taumaturgo, enquadrados num ambiente de luminosidade e colorido.

   «VISÃO DANTESCA» - O sonho de Dante, a sua alucinante visão, toma vulto e forma.
Dão ainda o seu concurso algumas firmas comerciais, com carros de publicidade.

24,00 - Grandiosa sessão de Fogo de Artifício pelos mesmos pirotécnicos.
As Festas encerrarão com uma nova corrida de uma furiosa Vaca de Fogo. 

---


Durante o dia de Festas funcionarão: Uma riquíssima Quermesse, com valiosas prendas - A Cantina das Escolas, com serviço de bar e restaurante - O Bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde - Inúmeras diversões tais como, automóveis eléctricos, carrocéis, etc...


Carrocel




curiosidades 

Comissão de Honra - Dr. António Chaves (P), Abílio Pacheco de Barros, António Pereira da Costa e Francisco Torres Carneiro.

Comissão Executiva - Hermínio Pinto Gomes da Silva (P), Augusto Alves de Sousa "Pilar", Fernando Herculano Pinto de Moura e Henrique Pinto Marques "Baião".

Hermínio Pinto



Custo global das Festas - 47.549$20

Despesas: Arraial -  33.324$00 «Bandas de Música 3.000$00, cada»;  Cortejo - 7.691$50; Ranchos -  3.103$80;    Festa Religiosa - 3.429$10.

Receitas - Peditório pela freguesia - 17.956$00; Peditório na Fábrica Grande - 257$70; Roletas nas feiras - 160$00; Feirantes - 209$50; Pista de Automóveis - 1.400$00; Quermesse - 9.482$50; Colocação da flor - 677$30; Bandeja na Procissão - 866$90; Festival Folclórico - 5.785$00; Donativos de pessoas de freguesias vizinhas (sobretudo de Miguel Gomes e Francisco Lino, de Paços de Ferreira) - 4.325$00; Donativos recebidos de freamundenses residentes em África - 506$40; Donativos recebidos de freamundenses radicados no Brasil - 2.891$80; Donativos de freamundenses espalhados pelo País - 1.630$00.

Factos relevantes
Marcou presença nos três dias de festa a distinta escritora D. Aurora Jardim, a quem por amável deferência serviu de cicerone o sr. José António Chamusca. Deslumbrada com tudo o que presenciou, fez relato pormenorizado no "Jornal Feminino" de 1 de Agosto, rematando com as seguintes palavras: «...Como se sabe divertir bem o nosso bom povo português. E eu juro que gostei. Para o ano lá estarei outra vez se Deus quiser».

Na Marcha Alegórica, o Grupo da firma L. Menezes cantarolava uns versos da autoria do Dr. João Neto:

«Ó Freamunde/ó terra amada,/princesa encantada/que diz respeitada/num sonho de amor.../Desperta agora/vem cá para fora/pois está na hora/de poder mostrar teu valor.
Refrão:
Vem de Leigal esta canção em nossa boca/a saltitar qual passarito em liberdade/tão jovial, tão colorida, alegre e louca/p'ra vos mostrar que é mesmo assim a mocidade.
Não há tristeza que resista a esta alegria,/nesta vida nos vejamos em redor.../é Freamunde que vos canta, vos encanta/até rebentar a garganta, se preciso for».

quinta-feira, 28 de agosto de 2025

SEBASTIANAS - 1957 - CAPÍTULO LXII








 Festas Sebastianas

Mais um ano...
       Mais um ano Freamunde afirma a sua vitalidade, oferecendo a demonstração do seu grande querer, da sua boa vontade, dos seus sentimentos cristãos, do seu vigor obreiro, do seu acrisolado bairrismo sintetizados nestas «Festas Sebastianas», em louvor do Martirizado Romano, que estão alcançando fama assaz desusada, erguendo bem alto o seu nome honrado de trabalhadeira incansável.
       Mais um ano a sua alma se ergue em lufadas de boa disposição, de sadia alegria, sem peias nem constrangimento, como só a pode ter quem sente a consciência tranquila e a satisfação do dever cumprido.
       Mais um ano, tu, forasteiro amigo, tens a ocasião de avaliar quanto vale um querer, quanto pode uma vontade, até onde chega uma determinação firme.
       É que estas festas que Freamunde generosamente te oferece, são o produto de um trabalho insano, profícuo, árduo, inteiramente seu, desacompanhado de qualquer ajuda estranha aos seus filhos, a quem - louvado Deus! -, apesar de tudo, ainda sobra alegria para oferecer aos outros!...
       Freamunde é assim: generosa e franca!...
       Se já a conheces, bem concordarás com esta afirmação. Se não, vem conhecê-la este ano durante estes festivos dias e, por seu intermédio, encontrarás um povo são e hospitaleiro, um recanto confortável e aprazível, um ambiente acolhedor e grato. Vem ver quanto pode uma firme vontade que outra ajuda não tem a não ser a de Deus, a do Santo a que se devota e a dos seus amantes filhos...
       Vem. Cá te esperamos. Lembra-te da velha sabedoria das nações: pela alegria se conhece o povo!
       Vem conhecer a alegria de Freamunde, para poderes penetrar na sua alma!...



Cartaz de 1957








programa 


13 de Julho
Alvorada - Ruidosa com foguetes e morteiros. Anunciação das «Festas» por um numeroso grupo de Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos.
Durante o dia funcionará a habitual «Feira dos 13», que se prevê de grande concorrência, dada a excepcional circunstância de ser enquadrada nas «Festas Sebastianas».


14 de Julho
07,00 - Alvorada com estrondoso fogo.
08,00 - Entrada da Banda Marcial de Freamunde..
11,00 - Missa Solene e Festiva, subindo ao púlpito o distinto orador sagrado Padre Moreira Neto. Esta Santa Missa, que será a grande instrumental, terá a colaboração da Banda Marcial de Freamunde e do aplaudido cantor lírico Pais Moreira, acompanhado a orgão pelo distinto prof. Mário Delgado, da Orquestra Sinfónica do Conservatório de Música do Porto, que interpretará «Avé Maria», de Carlo Gounod (integrada ao sagrado texto) e «Agnus-Dei», de Bizet.
15,00 - Entrada da consagrada Banda de Música da Polícia de Segurança Pública do Porto, seguindo-se-lhe a subida aos respectivos coretos destes dois anunciados conjuntos musicais que iniciarão os esperados concertos. 
19,00 - Saída da respeitável, majestosa e tradicional Procissão de S. Sebastião na qual se incorporarão numerosas confrarias, Irmandades, Pias Uniões, Associações religiosas, encantadores grupos de anjos e querubins e deslumbrantes andores, precedida por um garboso grupo de Centuriões Romanos.
22,00 - Início do surpreendente Arraial nocturno, com feéricas iluminações do reputado decorador e ornamentador Bernardo Barreira, de Guimarães.
22,30 - Novos concertos musicais pelas Bandas Marcial de  Freamunde e da Polícia de Segurança Pública do Porto.          
24,00  - Sensacional certame de Fogo de Artifício, pelo conhecido pirotécnico Pontes & Filho, da Raimonda.
02,00 - Encerramento deste festivo dia, com a tradicional e pitoresca corrida de uma bravíssima Vaca de Fogo. 


Arraial




Dia 15 de Julho
15,00 - Diversos divertimentos e números desportivos a anunciar brevemente.
16,00 - Concerto pela Banda Marcial de Freamunde.
21,00 - Entrada dos Ranchos Folclóricos das freguesias circunvizinhas.
21,30 - Início do grandioso Festival Regional que terá lugar em recinto fechado e no qual colaboram os seguintes agrupamentos regionais: Grupo Musical de Abrute, da firma B. Pinto de Moura (Freamunde) - Rancho Folclórico da Arreigada - Rancho Folclórico de Ferreira - Grupo  Típico de Figueiró - Rancho Folclórico de Frazão - Grupo Regional da Gandarela (Freamunde) - Grupo Musical de Leigal, da firma L. Menezes (Freamunde) - Rancho Folclórico da Raimonda - Rancho Folclórico de São Fins e o nóvel agrupamento artístico Grupo Folclórico «Mocidade de Paços de Ferreira».
23,00 - Desfile do grandioso e já afamado Cortejo Luminoso e Alegórico no qual se incorporam todos os agrupamentos citados, um numeroso grupo de Gigantones e Cabeçudos, Banda Marcial de Freamunde, atroador grupo de Zés P'reiras, conjuntos infantis de diversos significados e maravilhosos carros ornamentados dos quais se pode anunciar os seguintes, entre outros: 
   «CONTO DE FADAS» - Um mimoso carro de fantasia carregado de lindas crianças é tirado por um enorme caracol dourado, rumo ao Reino da Ilusão!

   «ESPANHA: - MULHERES E TOUROS» - Deslumbrante alegoria à «Festa Brava» plena de Luz, de Cor e de Alegria!

   «O MILAGRE DE SANTO ANTÓNIO» - A tradicional fonte, as bilhas quebradas e o prodigioso milagre de Santo Tamaturgo, enquadrados num ambiente de luminosidade e colorido.

   «O SONHO DE DANTE» - O sonho do Poeta, a alucinante visão dantesca, toma vulto e forma: a boca do Inferno escancara-se e as suas chamas atraem as Almas Perdidas, invadidas e torturadas pelos Pecados Mortais que as levam em frenesi para a Perdição. Dentro, no local fatal, gritos de desespero são abafados por rumores sinistros, enquanto a vitória demoníaca se consuma num resplendor estranho de fogos vermelhos que se elevam no espaço... Dão ainda o seu concurso algumas firmas comerciais, com carros de publicidade.

24,00 horas - Grandiosa sessão de Fogo de Artifício pelos mesmos pirotécnicos.
As Festas encerrarão com uma nova corrida de uma furiosa Vaca de Fogo.

---

Durante os dias de Festas funcionarão: Uma riquíssima Quermesse, com valiosas prendas - A Cantina das Escolas, com serviço de bar e restaurante - O Bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde - Inúmeras diversões tais como, automóveis eléctricos, carrocéis, etc...



curiosidades 

Comissão de Honra - Dr. António Chaves (P), Abílio Pacheco de Barros, António Pereira da Costa e Francisco Torres Carneiro.

Comissão Executiva - Fernando Eduardo Ribeiro dos Santos (P), Abílio Fernando Pinto Leal, Nelson Taipa Lopes e Rogério Monteiro.


Fernando Santos




Custo global das Festas - 44 contos, aproximadamente.

Factos mais relevantes
O cortejo alegórico teve orientação de Leopoldo Pontes Saraiva com a preciosa colaboração de Maximino "Gordo" e Jaime "Mirra".
Participação dos Zés P'reiras "Gaiteiros de Barcelos" e de "Unhão". Os Cabeçudos e Gigantones foram gentilmente cedidos pelo glorioso Grupo Fenianos Portuense, ao todo 37 figuras que, com a sua alegria e harmonia ensurdecedora percorreu as ruas da vila, pondo em sobressalto os ânimos e predispondo o melhor possível o espírito desse eterno moço que é o Povo... . Os Gigantones foram "carregados" por "Camião de Figueiras" e Chico "Maduro".

In "Gazeta de Paços de Ferreira":
Domingo - «A tradicional e afamada Procissão de S. Sebastião apareceu então em toda a riqueza da sua figuração, deslumbramento dos seus andores e majestade do seu significado. Toda a vila era um imenso tapete de flores, espalhados sob os pés  de quantos acompanhavam o Glorioso Romano, em preces fervorosas para que a sua Santa Protecção evite, no conturbado mundo de hoje, a aparição desse monstro horrendo que se chama Guerra! O luzido acompanhamento saiu da Igreja Matriz, passou entre alas imensas de um Povo crente, subiu a «Feira», atravessou a Gandarela - então luzida e fresca, com as suas passadeiras de flores singelas, qual moça garrida em dia de noivado - e, quando desembocou na estrada e a Martirizada Efígie de Sebastião dominou os campos e valados, que se estendiam a seus pés em longes de verdura e serenidades de Dia Santo, o Sol pareceu brilhar mais, as almas sentiram-se mais humildes, os corações elevaram-se mais alto, emotivamente, ansiadamente, espiritualmente, ante o enternecedor espectáculo do Servo Imolado, perante a grandeza da Obra do Seu amo!...
Segunda-feira - Na praça pública uma grande multidão aplaudiu o Festival Regional, espectáculo atraente que, mais uma vez, evidenciou o gosto que felizmente existe por estes certames.   
O momento mais pitoresco foi ocupado pela apresentação da antiquíssima Dança dos Pedreiros de acentuado cunho etnográfico e velhas tradições, a qual foi revivida, expressamente para este espectáculo, por um grupo de Ferreira, dirigido pelo sr. Emílio de Carvalho.
Também o grupo de Figueiró, admirável a alma e o espírito do sr. Luís Monteiro, se saiu com uma oportuníssima «Charge» à Volta a Portugal em bicicleta, com as suas peripécias e paixões clubísticas, onde não faltava nada desde o director da corrida ao ardina dos jornais, desde o singular fotógrafo ao médico patusco e carro de apoio, incluindo os corredores que, pelas respectivas barbas que possuíam, denotavam, claramente, serem todos Barbosas...
O festival culminou com a primeira apresentação em Freamunde do já notável Grupo Folclórico «Mocidade de Paços de Ferreira». Merecedor dos maiores encómios, este valioso conjunto foi aplaudidíssimo e mereceu as mais elogiosas referências críticas do enorme auditório.
A sua apresentação em Freamunde, absolutamente gratuita, constitui um nobre gesto que Freamunde jamais esquecerá e denotou um elevado espírito de compreensão que se fica devendo aos seus corpos directivos, nomeadamente os srs Plácido Santos e Manuel da Silva Medeiros, este último ensaiador de grande valia.
   "Entrou", pelas escadas do fundo, junto aos tanques e bicas de água da Praça, estreando um hino, pelo grupo composto com a colaboração de Alberto Martins Carneiro  "Albertinho Carreiras", então director artístico do Rancho "Rosas de Vilarinho", dedicado exclusivamente a Freamunde e intitulado "Marcha das Sebastianas". (Ainda hoje é considerado o Hino oficial das Sebastianas, cantado a plenos pulmões durante as Grandes Festas, sobretudo no final do concerto das Bandas e durante o percurso do cortejo alegórico, aqui com o "serviço" contratualizado com os Etnográficos de Sanfins - Independente e Citânia) e que toca profundamente todos os freamundenses).  
Oh! Freamunde, oh! Festas Sebastianas/Para quem vos vê/Vós sois um espelho/Oh! lindas Festas/que criaste a fama/Vós sois as melhores/Festas do concelho/Oh! Vila de Freamunde/És formosa noite e dia/Tens o S. Sebastião/As feiras de Santo António/E a de Santa Luzia/Oh! Vila de Freamunde/Terra de rara beleza/Tens mobílias escolares/Que fabricam aos milhares/Mostras que és Portuguesa/Tu tens Bombeiros/Música e Grupo de Futebol/Pareces uma cidade/E sempre que tu precises/Cá terás a Mocidade.
Já a noite ia longa, foi o fim do mundo: a vila de Freamunde sentiu-se pequena para albergar todos quantos queriam  assistir à apoteose - que o foi! - das Festas Sebastianas. Já passava da 1 hora da madrugada, quando o esperado Cortejo Luminoso e Alegórico se fez anunciar por poderosos morteiros. A custo conseguiu abrir passagem pela imensa mole que o aguardava.
Cálculos? Impossível. Eram milhares de pessoas que, às 5 horas da manhã(!), ainda tinham representantes seus sem arredar pé, ansiosos por mais...
Terminaram estas notáveis Festas Sebastianas, que bem honram o concelho e a actividade do Povo freamundense - vontade de ferro em alma de artistas - com nova sessão de fogo do ar culminando por esplendorosa girândola que coroou de múltiplas cintilações a vila de Freamunde, como rainha, que o é, do Trabalho e acendrado Bairrismo».