Festas Sebastianas
Conhecida, de há muito, ao longe e ao largo, não precisa de adjectivos ou de palavras de enfeite para fazer realçar a sua fisionomia característica, que a impõe à justa admiração e consideração de todos aqueles que têm a noção plena do valor do trabalho que, alicerçado em sãos princípios e norteado por nobres ideais, vence todos os obstáculos para levar a efeito as mais grandiosas obras, em qualquer campo de actividade humana: brazão de que legitimamente se orgulha Freamunde - que de humilde origem se tem engrandecido mercê do esforço persistente e bem orientado dos seus filhos, que, animados por um bairrismo sem limites, obstinadamente porfiam mante-la na vanguarda. E assim Freamunde é hoje um centro de vasta projecção e de grande relevo no concelho de Paços de Ferreira (a 35 Km. do Porto) - possuindo uma sólida Associação de Socorros Mútuos, uma bem apetrechada corporação de Bombeiros Voluntários, várias agremiações desportivas (entre as quais sobressai o valoroso grupo de futebol), cinema, uma excelente Banda musical, agências bancárias, serviço telegráfico e telefónico (permanente) e rede de distribuição de energia eléctrica para iluminação, pública e particular - além de importantes fábricas de mobiliário e material escolar, de ligaduras, de velas e de louça, e de oficinas de mobiliário metálico, fundição de metais, funilaria e pichelaria, ourivesaria, tamancaria e sapataria, e reparação de automóveis, tipografia, torrefacção de café, moagem, etc.
Contribuindo ainda e grandemente as suas feiras e romarias para a destacante posição de que disfruta, para a difusão do seu nome por longínquas terras; sendo de justiça salientar, entre aquelas, a de Santo António (no dia 13 de Junho), e a de Santa Luzia - a chamada feira dos «Capões» ( no dia 13 de Dezembro), e no número das suas festividades as que se efectuam em honra do Glorioso Mártir S. Sebastião, também denominadas Festas da Vila, e que este ano se realizam nos dias 7,8 e 9 de Julho.
programa
7 de Julho
Alvorada - Estrondoso fogo. Em seguida percorrerão todas as ruas da vila dois numerosos grupos de Zés P'reiras acompanhados de gigantones e cabeçudos.
8 de Julho
07,00 - Alvorada com abundante fogo.
08,00 - Entrada da Banda Marcial de Freamunde.
11,00 - Missa Solene a grande instrumental, subindo ao púlpito o distinto orador sagrado, Padre Francisco Regadas.
15,00 - Entrada da afamada Banda Musical de Vila Verde.
19,00 - A tradicional, característica e majestosa Procissão de S. Sebastião na qual se incorporarão a veneranda confraria da Ordem Terceira e outras, Irmandades, Pias Uniões, Associações religiosas, numerosos grupos de querubins e lindos andores, que percorrerá o itinerário do costume, precedida dum luzido grupo de lanceiros.
22,00 - Início do surpreendente Arraial nocturno com feéricas iluminações.
22,00 - Subirão aos seus coretos as citadas Bandas para deleitarem os forasteiros com a magia da Divina Arte.
00,00 - Sensacional certame de Fogo de Artifício por dois hábeis pirotécnicos.
02,00 - Para encerrar este dia de festa será corrida uma bravíssima Vaca de fogo.
9 de Julho
15,00 - Grande Festival Desportivo com números a anunciar previamente.
16,00 - Entrada dos Ranchos folclóricos das freguesias circunvizinhas acompanhados da Banda de Freamunde.
23,00 - Desfile do grandioso Cortejo Luminoso e Alegórico a que prestarão concurso a indústria, o comércio e as colectividades desta vila.
Para encerrar as festas será corrida à vara larga uma furiosa Vaca de Fogo.
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Durante estes dois dias funcionará uma grande Quermesse com valiosas prendas.
curiosidades
Comissão de Honra - Dr. António Chaves (P), Abílio Pacheco de Barros, António Pereira da Costa, Dr. Amâncio Leão e Dr. Cândido de Barros.
Comissão Executiva - Amâncio de Vilhena Ribeiro (P), João Manuel Monteiro Correia, José Correia Nogueira Nunes, Júlio José Vasconcelos Sousa Magalhães e Teodoro Alberto Machado Pereira.
Custo global das Festas - 40 contos, aproximadamente.
Realizações para angariação de fundos
Peditório pela freguesia (por norma o valor de um dia de trabalho por família). A Comissão de Honra, em situações finais de défice, teria obrigatoriamente de cobrir os valores em causa, o que nunca chegou a acontecer.
Quermesse (participação de várias meninas).
Factos mais relevantes
Principais carros da marcha alegórica, orientada por Leopoldo Pontes Saraiva, e que abria com uma linda "corbeille" de flores com capitosas raparigas: "Chegada de Vasco da Gama á Índia"; "O Adamastor"; "Carro do Circo em Festa"; "Carro da Flor"; "Camões - o génio da raça".
As festas tiveram a cobertura jornalística de um enviado especial do jornal "Diário do Norte", que a breve trecho transcreveu: «...Uma multidão, computada em muitas dezenas de milhar de pessoas, afluiu àquela importante Vila, no dia de ontem, emprestando ao notável acontecimento um ambiente de verdadeira euforia, que se manteve até altas horas da madrugada de hoje. De facto, o dia de ontem - e, sobretudo, a noite de ontem - possuía um atraente programa que não desmereceu da expectativa à sua volta criada. Mais: suplantou tudo quanto se pudesse esperar do esforço e boa-vontade dos freamundenses, gente de grande iniciativa e esforço, honra da região a que pertencem, cujo trabalho vem sendo compensado de ano para ano com o crescente interesse que as suas Festas Sebastianas vêm despertando».
Ranchos folclóricos participantes no Festival e que se incorporaram de seguida na Marcha Alegórica: - "Fonte - Jornal "Diário do Norte".
Rancho da Arreigada, composto por mais de 60 figuras - sardinheiras, vareiras, camponeses e camponesas todos vestidos a rigor, incluindo no seu seio uma figuração heterogénea, um simbolismo elucidativo de velhas "danças", perdidas no decorrer do tempo.
Rancho de Frazão, também numeroso, constituído por lavradores e lavradeiras, de colorida indumentária e descantes de excepcional sabor aldeão.
Depois coube a vez da apresentação de dois conjuntos freamundenses, em representação de dois populares lugares da Vila: Outeiro e Leigal. Ambos integrados na condição de operários dos seus componentes - ou não fosse Freamunde um grande centro industrial! - vieram ao tablado com singular aprumo, de garridas vestimentas, de superior efeito, e com um repertório que fez delirar a enorme assistência.
Seguiu-se o Rancho da Raimonda, que causou admiração pela elegância dos seus vestes e beleza das suas raparigas.
Encerou a sessão a «cegada» de Figueiró, uma freguesia que, todos os anos, apresenta o seu jocoso grupo. Este ano trouxeram a Freamunde um verdadeiro batuque de "zulus", parodiando as danças dos indígenas do interior africano.
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