Festas Sebastianas
Freamunde é terra crente. E a sua crença reparte-a irmãmente pelos muitos luminares da Corte Celeste que povoam os seus templos. Mas S. Sebastião... E perguntarás tu, amigo forasteiro, que aqui vens sorver um pouco de comunicante alegria do seu povo, porque será que, tendo Freamunde por patrono o Divino Salvador, tendo erigido capelas ao ao bem-amado S. Francisco e ao popular Santo António, e venerando com fervor - quase em peregrinação - a miraculosa Santa Luzia, é precisamente a S. Sebastião que ele faz a sua festa grande, é precisamente ao Martirizado Romano que oferece todo o seu esforço, toda a boa vontade de quem sabe que só pode contar consigo próprio, o que bem pouco é para dia tão grande? E a resposta é curta: Tradição!... E sendo S. Sebastião universalmente festejado em Janeiro, porque escolhe Freamunde o cálido Julho para mostrar ao Santo o seu querer? E a resposta repete-se: Tradição!... Tradição que se perde no Tempo, que ninguém sabe já de quando data, mas que se tem de cumprir, mantendo um voto feito por freamundenses de então que o Mártir invocaram em aflitivos momentos de atroz calamidade; tradição em que se metamorfoseou promessa mui antiga, que, por o ser, podia estar prescrita já e não o está, simplesmente porque se tornou Tradição! E tudo é tradição!... Vês essas moças que na igreja rezam contritas e logo pecam no inefável torvelinho do folguêdo? Tradição!... Vês essas gargantas que riem gozosas ou que praguejam danadas e subitamente emudecem, pois vai o pálio a passar, para voltarem imediatamente aos seus desvairos? Tradição!... Vês esse homem sério, pai de família exemplar, que não resistiu ao capitoso vinho e não atina com o caminho de casa ou com o do bom senso? Tradição!... Vês esse pobre que pede? Tradição!... Vês esse rico que nega? Tradição!... Vês este povo que canta, goza e se esquece que a vida é sofrimento? Tradição!... Vês este esforço ingente, este atrevimento de uma terra só desamparada quase que a nada se furta para que haja «festa» e que tudo faz para que ela te agrade? Tradição!... Anda daí, pois, forasteiro amigo! Vem daí folgar, rir, praguejar, beber, cantar, esquecer porque a festa és tu e, sem ti, não pode haver tradição!...
programa
07 de Julho
Alvorada - Ruidosa com foguetes e morteiros. Anunciação das Festas por um numeroso grupo de Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos.
08 de Julho
07,00 - Alvorada com estrondoso fogo.
08,00- Entrada da Banda Marcial de Freamunde.
11,00 - Missa Solene subindo ao púlpito um distinto orador sagrado. Esta Santa Missa, que será a grande instrumental, terá a colaboração da Banda Marcial de Freamunde.
15,00 - Entrada da consagrada Banda de Vale de Cambra, seguindo-se a subida aos respectivos coretos destes dois anunciados conjuntos musicais que iniciarão os esperados concertos.
19,00 - Saída da majestosa e tradicional Procissão de S. Sebastião na qual se incorporarão numerosas Confrarias, Irmandades, Pias Uniões, Associações religiosas, encantadores grupos de anjos e querubins e deslumbrantes andores, precedido por um garboso grupo de Centuriões Romanos.
22,00 - Início do surpreendente Arraial nocturno, com feéricas iluminações.
22,30 - Novos concertos musicais pelas referidas Bandas.
24,00 - Sensacional certame de Fogo de artifício pelos vários e conhecidos pirotécnicos de Paços de Ferreira.
02,00 da madrugada - Encerramento deste festivo dia com a tradicional e pitoresca corrida de uma bravíssima Vaca de Fogo.
09 de Julho
15,00 - Vários números de carácter desportivo a anunciar oportunamente.
16,00 - Concerto pela Banda Marcial de Freamunde, no Largo da Feira.
21,00 - Grande Festival Folclórico no qual tomam parte os seguintes agrupamentos: «Rancho Folclórico Flores de Paços», de Paços de Ferreira; «Nossa Senhora da Ajuda», de Nevogilde; «Rancho Folclórico Flores da Primavera», de Nespereira, ambos do concelho de Lousada; e ainda os de »Raimonda», «Codessos» e «Figueiró».
23,30 - Desfile do grandioso e afamado Cortejo Luminoso e Alegórico no qual se incorporarão todos os agrupamentos citados, e um numeroso grupo de Gigantones e Cabeçudos, Banda Marcial de Freamunde, atroador grupo de Zés P'reiras, conjuntos infantis de diversos significados e maravilhosos carros alegóricos e publicitários.
24,00 - Grandiosa sessão de Fogo de Artifício pelos mesmos pirotécnicos.
As festas encerrarão com uma nova corrida de uma furiosa Vaca de Fogo.
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Durante os dias das festas funcionarão: Uma riquíssima Quermesse com valiosas prendas. - A cantina das Escolas, com serviços de Bar e Restaurante. - O Bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde. - Inúmeras diversões tais como: automóveis eléctricos, carrocéis, etc.
curiosidades
Comissão de Honra - Dr. António Chaves (P), António Pereira da Costa, António Teles de Menezes Júnior e José António Nunes Chamusca.
Comissão Executiva - Alberto Moreira Graça Leão (P), António Alberto Matos e Barros, António Sousa Vieira, Ernesto Leal da Costa Pinto e João Manuel Monteiro Correia.
Custo Global das Festas - 60 contos, aproximadamente.
Orador Sagrado - Padre Francisco Regadas.
Na procissão, atrás do pálio, seguiam, além dos membros da Comissão, os senhores Presidente, Vice Presidente e Vereadores da C.M.P.F.
Iluminador - Lira (Felgueiras)
Pirotécnicos - Pontes & Filho (Lustosa) e Fernando António Mendes Costa Teles (Sobrão-Meixomil). Houve disputa de um Troféu "Medalha de Oiro". O Júri decidiu e declarou vencedor, Fernando Teles, pela qualidade apresentada no certame. A empresa Pontes & Filho também recebeu um prémio extra pela quantidade de fogo lançado.
Na Segunda-Feira, a Banda de Freamunde deu concerto da parte de tarde.
A partir das 18,00 horas, um enorme temporal pôs tudo à debandada, encerrando-se de imediato o que restava do arraial: Festival Folclórico e Marcha Luminosa.
Sem que nada o previsse, no dia seguinte, Terça-Feira, e porque o tempo que se fazia sentir o permitia, a comissão, numa decisão arrojada, fez anunciar por tudo quanto é sítio, através de uma carrinha montada com duas cornetas de som, que o programa anunciado para o dia anterior seria cumprido na íntegra.
Exibiram-se à noite no recinto da Praça, perante enorme assistência, os Ranchos Folclóricos anunciados e o apreciado grupo cómico de Figueiró.
A seguir desfilou a marcha luminosa, sob orientação de Leopoldo Pontes Saraiva. De enorme efeito contavam-se, entre outros, os carros «Gata Borralheira», «Romeu e Julieta», «Castelo de Guimarães» e «Planetas Terra e Lua».