terça-feira, 2 de setembro de 2025

SEBASTIANAS - 1962 - CAPÍTULO LXVII






 Festas Sebastianas

       Freamunde é terra crente. E a sua crença reparte-a irmãmente pelos muitos luminares da Corte Celeste que povoam os seus templos. Mas S. Sebastião... E perguntarás tu, amigo forasteiro, que aqui vens sorver um pouco de comunicante alegria do seu povo, porque será que, tendo Freamunde por patrono o Divino Salvador, tendo erigido capelas ao ao bem-amado S. Francisco e ao popular Santo António, e venerando com fervor - quase em peregrinação - a miraculosa Santa Luzia, é precisamente a S. Sebastião que ele faz a sua festa grande, é precisamente ao Martirizado Romano que oferece todo o seu esforço, toda a boa vontade de quem sabe que só pode contar consigo próprio, o que bem pouco é para dia tão grande? E a resposta é curta: Tradição!... E sendo S. Sebastião universalmente festejado em Janeiro, porque escolhe Freamunde o cálido Julho para mostrar ao Santo o seu querer? E a resposta repete-se: Tradição!... Tradição que se perde no Tempo, que ninguém sabe já de quando data, mas que se tem de cumprir, mantendo um voto feito por freamundenses de então que o Mártir invocaram em aflitivos momentos de atroz calamidade; tradição em que se metamorfoseou promessa mui antiga, que, por o ser, podia estar prescrita já e não o está, simplesmente porque se tornou Tradição! E tudo é tradição!... Vês essas moças  que na igreja rezam contritas e logo pecam no inefável torvelinho do folguêdo? Tradição!... Vês essas gargantas que riem gozosas ou que praguejam danadas e subitamente emudecem, pois vai o pálio a passar, para voltarem imediatamente aos seus desvairos? Tradição!... Vês esse homem sério, pai de família exemplar, que não resistiu ao capitoso vinho e não atina com o caminho de casa ou com o do bom senso? Tradição!... Vês esse pobre que pede? Tradição!... Vês esse rico que nega? Tradição!... Vês este povo que canta, goza e se esquece que a vida é sofrimento? Tradição!... Vês este esforço ingente, este atrevimento de uma terra só desamparada quase que a nada se furta para que haja «festa» e que tudo faz para que ela te agrade? Tradição!... Anda daí, pois, forasteiro amigo! Vem daí folgar, rir, praguejar, beber, cantar, esquecer porque a festa és tu e, sem ti, não pode haver tradição!... 


Cartaz de 1962




programa 


07 de Julho
Alvorada - Ruidosa com foguetes e morteiros. Anunciação das Festas por um numeroso grupo de Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos.


08 de Julho
07,00 - Alvorada com estrondoso fogo.
08,00- Entrada da Banda Marcial de Freamunde.
11,00 - Missa Solene subindo ao púlpito um distinto orador sagrado. Esta Santa Missa, que será a grande instrumental, terá a colaboração da Banda Marcial de Freamunde.
15,00 - Entrada da consagrada Banda de Vale de Cambra, seguindo-se a subida aos respectivos coretos destes dois anunciados conjuntos musicais que iniciarão os esperados concertos.  

Banda de Vale de Cambra


     
19,00 - Saída da majestosa e tradicional Procissão de S. Sebastião na qual se incorporarão numerosas Confrarias, Irmandades, Pias Uniões, Associações religiosas, encantadores grupos de anjos e querubins e deslumbrantes andores, precedido por um garboso grupo de Centuriões Romanos. 
22,00 - Início do surpreendente Arraial nocturno, com feéricas iluminações. 
22,30 - Novos concertos musicais pelas referidas Bandas.
24,00 - Sensacional certame de Fogo de artifício pelos vários e conhecidos pirotécnicos de Paços de Ferreira.
02,00 da madrugada - Encerramento deste festivo dia com a tradicional e pitoresca corrida de uma bravíssima Vaca de Fogo.   
          

09 de Julho
15,00 - Vários números de carácter desportivo a anunciar oportunamente.              
16,00 - Concerto pela Banda Marcial de Freamunde, no Largo da Feira.           
21,00 - Grande Festival Folclórico no qual tomam parte os seguintes agrupamentos: «Rancho Folclórico Flores de Paços», de Paços de Ferreira; «Nossa Senhora da Ajuda», de Nevogilde; «Rancho Folclórico Flores da Primavera», de Nespereira, ambos do concelho de Lousada; e ainda os de »Raimonda», «Codessos» e «Figueiró».   

Rancho "Flores da Primavera - Nespereira"


   
23,30 - Desfile do grandioso e afamado Cortejo Luminoso e Alegórico no qual se incorporarão todos os agrupamentos citados, e um numeroso grupo de Gigantones e Cabeçudos, Banda Marcial de Freamunde, atroador grupo de Zés P'reiras, conjuntos infantis de diversos significados e maravilhosos carros alegóricos e publicitários.                  
24,00 - Grandiosa sessão de Fogo de Artifício pelos mesmos pirotécnicos. 
As festas encerrarão com uma nova corrida de uma furiosa Vaca de Fogo.         

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Durante os dias das festas funcionarão: Uma riquíssima Quermesse com valiosas prendas. - A cantina das Escolas, com serviços de Bar e Restaurante. - O Bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde. - Inúmeras diversões tais como: automóveis eléctricos, carrocéis, etc.



curiosidades 

Comissão de Honra - Dr. António Chaves (P), António Pereira da Costa, António Teles de Menezes Júnior e José António Nunes Chamusca.

Comissão Executiva -  Alberto Moreira Graça Leão (P), António Alberto Matos e Barros, António Sousa Vieira, Ernesto Leal da Costa Pinto e João Manuel Monteiro Correia.

Alberto Graça



Custo Global das Festas - 60 contos, aproximadamente.

Orador Sagrado - Padre Francisco Regadas.
Na procissão, atrás do pálio, seguiam, além dos membros da Comissão, os senhores Presidente, Vice Presidente e Vereadores da C.M.P.F. 

Iluminador - Lira (Felgueiras)

Pirotécnicos - Pontes & Filho (Lustosa) e Fernando António Mendes Costa Teles (Sobrão-Meixomil). Houve disputa de um Troféu "Medalha de Oiro". O Júri decidiu e declarou vencedor, Fernando Teles, pela qualidade apresentada no certame. A empresa Pontes & Filho também recebeu um prémio extra pela quantidade de fogo lançado.

Na Segunda-Feira, a Banda de Freamunde deu concerto da parte de tarde.

A partir das 18,00 horas, um enorme temporal pôs tudo à debandada, encerrando-se de imediato o que restava do arraial: Festival Folclórico e Marcha Luminosa.
Sem que nada o previsse, no dia seguinte, Terça-Feira, e porque o tempo que se fazia sentir o permitia, a comissão, numa decisão arrojada, fez anunciar por tudo quanto é sítio, através de uma carrinha montada com duas cornetas de som, que o programa anunciado para o dia anterior seria cumprido na íntegra.
Exibiram-se à noite no recinto da Praça, perante enorme assistência, os Ranchos Folclóricos anunciados e o apreciado grupo cómico de Figueiró.
A seguir desfilou a marcha luminosa, sob orientação de Leopoldo Pontes Saraiva. De enorme efeito contavam-se, entre outros, os carros «Gata Borralheira», «Romeu e Julieta», «Castelo de Guimarães» e «Planetas Terra e Lua».

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

SEBASTIANAS - 1961 - CAPÍTULO LXVI

 





Festas Sebastianas

Do amalgamar constante do seu querer, mais umas Festas sairão a enobrecer o bairrismo, a chama viva que emblema o peito de todos os freamundenses.
Somos todos, todos a desejar que elas tragam o luzimento que se identifica à chama rubra da nossa Alma, ardendo em fé no progresso e no misticismo que em si a anima. Dar-lhes continuidade, em tão subido apreço, seria tarefa de honrar, mas...  sentimos que com mais sacrifício iremos fazer melhor. Nada impedirá que as nossas Festas sejam o que a nossa massa unida pretende, para assim nos julgarmos dignos da honra da visita de quem connosco vive a transcendência do entusiasmo dos momentos de alegre exaltação.
Empenhados no melhor cumprimento do nosso dever, integrados na missão que nos cabe, senhores dos moldes da cortesia para com os forasteiros - desde o mais humilde ao mais elevado - cientes da realidade matemática da rara nota por Elas alcançada, vivendo a euforia do prazer espiritual que ofertamos, imolando no Altar da modéstia todas as nossas forças para que os visitantes, sem intransigente excepção, se sintam «Em sua casa» maior orgulho e responsabilidade nos não cabe.
Na garrida e típica Freamunde, onde vive o heróico esforço dos seus filhos, onde vive em febril tumultuar a tradição, em letra morta no que ela tem de pernicioso, três dias - os das suas Festas - materializarão a irrequietude dum povo que, acima de tudo, sabe o que quer.
Que no íntimo de qualquer particularidade das manifestações do seu completo programa, tragam a felicidade dumas horas bem passadas, desejo nosso sempre fôra.


Cartaz de 1961




programa 


08 de Julho
Alvorada - Foguetes e morteiros. Anunciação das Festas por um numeroso grupo de Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos.

09 de Julho
07,00 - Alvorada com estrondoso fogo.
08,00 - Entrada da Banda Marcial de Freamunde.                     
11,00 - Missa Solene subindo ao púlpito um distinto orador sagrado. Esta Santa Missa, que será a grande instrumental, terá a colaboração da Banda Marcial de Freamunde.
15,00 - Entrada da consagrada Banda de Vila Verde, seguindo-se a subida aos respectivos coretos destes dois anunciados conjuntos musicais que iniciarão os seus concertos.  
19,00 - Saída da majestosa e tradicional Procissão de S. Sebastião na qual se incorporarão numerosas Confrarias, Irmandades, Pias Uniões, Associações religiosas, encantadores grupos de anjos e querubins e deslumbrantes andores, precedida por um garboso grupo de Centuriões Romanos. 
22,00 - Início do surpreendente Arraial nocturno, com feéricas iluminações.
22,30 - Novos concertos musicais pelas Bandas de Freamunde e de Vila Verde.
24,00 - Sensacional certame de Fogo de Artifício pelos vários e conhecidos pirotécnicos de Paços de Ferreira.
02,00 - Encerramento deste festivo dia com a tradicional e pitoresca corrida de uma bravíssima Vaca de Fogo.


10 de Julho
15,00 - Primeiro Festival Folclórico, com a participação do Grupo Folclórico dos Pescadores de Vila do Conde (Caxinas e Poça da Barca), único grupo seleccionado para a I Olimpíada Europeia de Folclore de 1960 (Grupo verdadeiramente internacional), e Rancho Típico de Santa Maria da Reguenga (Santo Tirso), que se exibirão no Recinto da Praça até às 19,30 horas.  

Rancho Folclórico dos
Pescadores de Vila do Conde
(Caxinas e Poça da Barca
)



               
16,00 - Concerto pela Banda Marcial de Freamunde, no Largo da Feira.  
21,00 - Segundo Festival Folclórico com os seguintes agrupamentos: «Rancho Folclórico Flores da Primavera de Paços», de Paços de Ferreira; «Nossa Senhora da Ajuda», de Nevogilde, Lousada, e ainda os de »Raimonda», «Codessos», «Figueiró» e «Seroa».  

Rancho Folclórico
"Flores da Primavera"
de Paços de Ferreira


  
23,00 - Desfile do grandioso e afamado Cortejo Luminoso e Alegórico ao qual se incorporarão todos os agrupamentos citados, e um numeroso grupo de Gigantones e Cabeçudos, Banda Marcial de Freamunde, atroador grupo de Zés P'reiras, conjuntos infantis de diversos significados e maravilhosos carros alegóricos. 
24,00 - Grandiosa sessão de Fogo de Artifício pelos mesmos pirotécnicos. 
As Festas encerrarão com uma nova corrida de uma furiosa Vaca de Fogo.     

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Durante os dias das Festas funcionarão: Uma riquíssima Quermesse, com valiosas prendas. - A Cantina das Escolas, com serviço de Bar e Restaurante. - O Bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde. - Inúmeras diversões tais como: automóveis eléctricos, carrocéis, etc.


curiosidades

Comissão de Honra - Coronel Tirocinado Carlos Luciano Alves de Sousa (P), António Cardoso de Barros, António Pereira da Costa, António Teles de Menezes Júnior, Dr. António Chaves, Dr. Jaime Manuel Nogueira de Barros, José António Nunes Chamusca e Vitorino Marques Pinto.

Comissão Executiva - Alberto Gomes Ferreira de Matos (P), Bernardino Machado de Sousa, José Coelho Martins e Rogério Monteiro.



Sub-comissão jovem - António Augusto Menezes Pinto, António Lúcio Pereira Rego, Domingos Ferreira Lopes, Domingos Soares Pereira, Guilherme Barros Gomes, Ricardo Manassés Sousa Magalhães e Vitorino Ferreira Ribeiro.

Custo global das Festas - 55 contos, aproximadamente.

Factos mais relevantes
Carros alegóricos - O Cortejo Luminoso esteve deslumbrante. Nada menos que seis carros: quatro alegóricos e dois de reclame. Referência para «Padrão» (Homenagem aos que gloriosamente tombaram na defesa da Pátria- A Guerra em Angola tinha "rebentado" meses antes; «Charrua» (Unidos em volta do Governo - é o dever de querer dizer: sou Português).

Iluminador, Decorador e Ornamentador - Viúva de Constantino Lira (Felgueiras).
A iluminação, deslumbrante, foi ampliada, na Rua do Comércio, até às Escolas das "meninas", o que lhe deu maior realce.

"Escolas das Meninas", na Rua do Comércio




Pirotécnicos - Pontes & Filho (Raimonda), Viúva de José Teles (Sobrão) e Fernando António Mendes Costa Teles (Sobrão).
O arraial nocturno, de Domingo, teve dois "lançamentos" de fogo de artifício, salientando-se a sessão da responsabilidade de Fernando Teles (Sobrão).

No intuito de facilitar a boa organização das festas em honra do glorioso Mártir S. Sebastião, foi constituída, pela primeira vez, uma sub-comissão de jovens desta terra.