Festas Sebastianas
«E Jesus disse-lhe: Se podes crer, tudo é possível ao que crê».
Os destinos heróicos dos grandes homens foram sempre iluminados por uma veemente fé activa.
Sómente aquele que crê está apto a realizar cometimentos superiores ao padrão ordinário das capacidades humanas. O homem que crê com todas as células e fibras do seu corpo, com toda a potencialidade virtual do seu espírito no seu objectivo, quer ele seja religioso, político, filosófico, artístico ou qualquer outro, eleva-se acima da insípida vulgaridade e realiza o imortal.
Na galeria dos perpétuos da Terra encontramos um que o é também do Céu e que nos interessa muito particularmente aqui: S. Sebastião. Este mártir da fúria e inconsciência pagãs deixou-nos na sua renúncia, no seu sacrifício, na sua abnegação e paradigma da Fé.
Por que foi barbaramente assassinado este soldado de Roma imperial? De que foi acusado? Que crime teria ele praticado para merecer tão violento castigo? Na realidade só porque acreditou numa Verdade nova, porque seguiu por um novo Caminho, porque creu que para lá dos limites da carne estava a Vida que o tempo não consome.
S. Sebastião foi vítima da grosseria e brutalidade dos homens.
Aqueles que o não compreenderam, mataram-no, mas em lugar de sepultarem um inimigo ergueram sobre a Terra um altar; em lugar de o arremessarem para o esquecimento, escreveram a história de um homem de Fé.
S. Sebastião foi um pioneiro do Cristianismo e sucumbiu vítima das paixões idólatras e sanguinolentas desse tempo, como milhares de outros inocentes.
As primeiras páginas do Cristianismo, rubras de sangue inocente e sublimes de humildade e fé, deveriam ficar apensas à Bíblia, como o testemunho eloquente de que a morte e o sacrifício não assustaram esses resolutos percursores, porque sabiam que Além Ele os esperava e lhes dizia: «Bem-aventurados os que padecem perseguições por amor da justiça, porque deles é o Reino dos Céus».
Cá em baixo os espíritos marmóreos e brutais, ébrios de sangue e volúpia, de pálpebras cerradas, não viam a Luz. A obscuridade que lhes inundava os olhos e o coração, envolvia-lhes também a alma.
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Em Freamunde, S. Sebastião nunca foi esquecido. Desde tempos que a memória já não lembra o Mártir de Roma, tem sido aqui honrado com festividades que, pela sua grandiosidade, atraem a atenção e a presença de alguns milhares de forasteiros.
A devoção que Freamunde tem pelo Santo não se sabe ao certo quando começou nem porquê, mas talvez porque nas longas e trágicas horas de fome, da peste e da guerra o glorioso Mártir se tenha apiedado do seu povo e lhe haja minorado o sofrimento. Mas fosse pelo que fosse, a verdade é que Freamunde adora S. Sebastião e esta afeição extrema está bem patente na forma ardente, entusiástica, autenticamente eufórica como o seu povo lhe tributa o seu amor.
As Festas Sebastianas realizam-se mais uma vez nos próximos dias 8, 9 e 10 de Julho. O seu brilho e esplendor será o dos anos anteriores. A tradição continua este ano e a caminho do futuro, pois Freamunde foi e será sempre o altar de S. Sebastião!
«Comissário Pernalonga»
programa
08 de Julho
Alvorada - Um numeroso grupo de Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos, percorrerão durante o dia as ruas da Vila, já então ornamentadas a capricho.
Dia 09 de Julho
07,00 - Alvorada
08,00 - Entrada da Banda de Freamunde.
11,00 - Missa Solene com sermão.
15,00 - Entrada da distinta Banda de Pevidém.
19,00 - Saída da Majestosa Procissão.
22,00 - Arraial nocturno, com feéricas iluminações, concertos musicais pelas já referidas Bandas e Fogo de artifício a cargo de 4 afamados pirotécnicos, sendo corrida uma bravíssima Vaca de Fogo.
10 de Julho
15,00 - Vários divertimentos incluindo a exibição de Ranchos Folclóricos e concerto pela Banda de Freamunde.
21,00 - Grande Festival Folclórico com os seguintes agrupamentos: «Rancho Infantil da Telme», de Freamunde; «Rancho Folclórico da Vila de Freamunde», «Rancho Regional Paredes»; e o «Conjunto Desconhecido».
23,00 - Desfile do Cortejo Luminoso e Alegórico, número que sempre desperta enorme entusiasmo, atraindo grande multidão.
02,00 - Grandiosa sessão de Fogo de Artifício sendo lidada uma furiosa Vaca de Fogo.
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Durante os dias das Festas funcionarão: A Cantina das Escolas, com serviço de Bar e Restaurante. - O Bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde. - Inúmeras diversões tais como: automóveis eléctricos, carrocéis, etc.
curiosidades
Comissão Executiva - Fernando Teles Menezes Rosário (P), Alberto Sousa Mendes, Cândido da Costa Pinheiro, Humberto Taipa Pereira, Idalino Celestino Neto Ribeiro, José Barros Pinto e Luís Monteiro dos Santos.
A Comissão de Honra "terminou aqui". A partir de então jamais foi nomeada.
Custo global das Festas - 84 contos, aproximadamente.
Iluminador (José T. do Couto, Paredes): 19.500$00.
Bandas de Música: 7.500$00, cada.
Factos mais relevantes
A Comissão mudou o local dos Coretos para junto dos actuais CTT.
A Quermesse foi substituída por sorteio de um objecto valioso. Os bilhetes foram "vendidos" por várias meninas.
Iluminação - A Rua "do Américo Taipa" foi iluminada pela primeira vez. A electricidade passou a ser comparticipada, extraordinariamente, pela Câmara Municipal.
Procissão - Em virtude do acidente (perna partida) de que foi vítima o armador, César Vilhena Ribeiro, o "concorrente", Zeferino Seabra, de Penamaior, prestou-se no auxílio à organização da Procissão sem cobrar qualquer quantia.
Cortejo Luminoso e Alegórico - O reboque dos carros passou a ser feito por tractores.
Fogo de artifício - Dois pirotécnicos, escolhidos para o efeito, em "despique".
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