quinta-feira, 4 de setembro de 2025

SEBASTIANAS - 1964 - CAPÍTULO LXIX







 Festas Sebastianas

Freamunde é terra crente. E a sua crença reparte-a irmãmente pelos muitos luminares da Corte Celeste que povoam os seus templos. Mas S. Sebastião... E perguntarás tu, amigo forasteiro, que aqui vens sorver um pouco de comunicante alegria do seu povo, porque será que, tendo Freamunde por patrono o Divino Salvador, tendo erigido capelas ao bem-amado S. Francisco e ao popular Santo António, e venerando com fervor - quase em peregrinação - a miraculosa Santa Luzia, é precisamente a S. Sebastião que ele faz a sua festa grande, é precisamente ao Martirizado Romano que oferece todo o seu esforço, toda a boa-vontade de quem sabe que só pode contar consigo próprio, o que bem pouco é para dia tão grande? E a resposta é curta: Tradição!... E sendo S. Sebastião universalmente festejado em Janeiro, porque escolhe Freamunde o cálido Julho para mostrar ao Santo o seu querer? E a resposta repete-se: Tradição!... Tradição que se perde no tempo, que ninguém sabe já de quando data, mas que se tem de cumprir, mantendo um voto feito por freamundenses de então que o Mártir invocaram em aflitivos momentos de atroz calamidade; tradição em que se metamorfoseou promessa mui antiga, que, por o ser, podia estar prescrita já e não o está, simplesmente porque se tornou Tradição!... Vês essas moças que na igreja rezam contritas e logo pecam no inefável torvelinho do folguedo? Vês essas gargantas que riem gozosas ou que praguejam danadas e subitamente emudecem, pois vai o pálio a passar, para voltarem imediatamente aos seus desvairos? Vês este povo que canta, goza e se esquece que a vida é sofrimento? Vês este esforço ingente, este atrevimento de uma terra que a nada se furta para que haja «festa» e que tudo faz para que ela te agrade? Anda daí, pois, forasteiro amigo! Vem daí folgar, rir, cantar, porque a festa és tu e, sem ti, não pode haver tradição!...



Cartaz de 1964




programa 


11 de Julho
Vésperas festivas com Zés P'reiras, Gigantones e Cabeçudos. Ornamentações a capricho pelo sr. António Ribeiro Pontes, da Póvoa de Varzim.


Aspecto da arcaria na
Rua D. Mercedes Barros



12 de Julho
07,00 - Alvorada.
08,00 - Entrada da Banda Marcial de Freamunde.
11,00 - Missa Solene, subindo ao púlpito o Padre José Moreira
15,00 - Entrada da Banda de Vale de Cambra.
19,00 - Saída da imponente Procissão de S. Sebastião.
22,00 - Surpreendente Arraial nocturno, com feéricas iluminações, concertos musicais e Fogo de Artifício por 4 afamados pitorécnicos. 
Encerramento com uma bravíssima Vaca de Fogo.
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13 de Julho
Feira mensal.
14,00 - Entrada da Banda Marcial de Freamunde, e os Ranchos da Vila e de S. Martinho.

Banda de Freamunde



21,00 - Grande festival Folclórico com a presença dos já citados Ranchos e outros.    
23,30 - Desfile do Cortejo Luminoso e Alegórico no qual se incorporarão todos os ranchos folclóricos, um numeroso grupo de Gigantones e Cabeçudos e vários atractivos, fornecidos pelo Clube de Fenianos do Porto, Banda Marcial de Freamunde, atroador grupo de Zés P'reiras, conjuntos infantis de diversos significados, e muitos e maravilhosos carros alegóricos e publicitários.
No final, grandiosa sessão de Fogo de Artifício.
As Festas encerrarão com nova Vaca de Fogo.

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Durante os 3 dias das festas funcionarão: Uma riquíssima Quermesse com valiosas prendas. - A Cantina das Escolas, com serviços de Bar e Restaurante. - O Bar dos Bombeiros Voluntários de Freamunde. - Inúmeras diversões tais como: automóveis eléctricos, carrocéis, etc.
Freamunde é servido com carreiras de autocarro durante as festas, ligando entre Porto, Santo Tirso, Guimarães, Penafiel, Paredes e Lousada. 




curiosidades 

Comissão de Honra - Dr. António Chaves (P), Abílio Pacheco de Barros, António Pereira da Costa, António Teles Menezes Júnior e José António Nunes Chamusca.

Dr. António Chaves


Comissão Executiva - António Marques Nunes "Pinhão" (P), Francisco Ribeiro Carvalho "Xico de Figueiras", Joaquim Dias Veiga de Matos "Quim Bica", José Taipa Rego "Casalinho", Manuel Ferreira Neto "Manuel da Bouça" e Maximino de Sousa Mendes "da Couta".

Custo global das Festas: 70 contos, aproximadamente.

A comissão decidiu iluminar, pela primeira vez, a Igreja Matriz.

A Vaca de Fogo era corrida por António "Maranho".

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